'Nunca deu briga': ela mora em um prédio onde só vive quem é da família
Morar em prédio pode ser sinônimo de dor de cabeça para muita gente: é briga com o vizinho por barulho, reuniões intermináveis para decidir a cor da fachada e disputa para ver quem não será o síndico.
Mas, para uma família de Cambé (PR), a vida em um prédio não tem significado diferente de união. Oito pessoas da mesma família ocupam os três andares de um edifício no município de 100 mil habitantes. O prédio foi construído justamente para abrigar a família.
Ideia do patriarca
Tudo começou em 1993, quando Dorival Buccioli decidiu presentear a filha caçula, Lucilene, que estava se casando, com um imóvel. Só que, em vez de comprar um terreno só para ela, ele foi além.
"Meu avô teve a ideia de, em vez de dar um terreno para cada filho, comprar um maior e fazer um prédio para os três filhos morarem", explica a maquiadora Isabella Buccioli Moraes, 26, que viralizou ao mostrar o prédio nas redes sociais.
O avô de Isabella morreu há alguns anos e nunca morou no prédio. A avó dela, que é viva, também não. A matriarca mora a poucas quadras dos filhos, perto do negócio da família, e sempre está presente nas reuniões familiares.
3 andares e churrasqueira
No térreo, além do estúdio de maquiagem de Isabella, onde antes funcionava o salão de festas, a família construiu uma piscina e uma churrasqueira em 2010. Há dois anos, eles instalaram um pub no último andar.
Cada apartamento tem 216 m² e ocupa um dos três andares do edifício. Onze pessoas já moraram simultaneamente no local: os três casais e seus filhos. "Hoje em dia somos oito [moradores], porque os três primos mais velhos se casaram", explica Isabella.
O imóvel não tem porteiro e nem cobrança de condomínio. Cada apartamento paga as contas individuais, como água, luz e internet, e os gastos das áreas comuns são divididos entre as três famílias.
Uma vantagem é a redução dos grupos de WhatsApp: o grupo da família é também o do condomínio —é por lá que são combinadas reuniões e festas.
"Quando um quer levar os amigos na piscina, por exemplo, se todos derem o 'ok' tudo bem. Nunca deu briga", diz ela.
Nas redes sociais, as pessoas associam o edifício ao icônico Jambalaya Ocean Drive, do seriado "Toma Lá, Dá Cá" —um prédio cheio de confusão e fofoca habitado por parentes. A diferença é que o prédio familiar de Cambé não tem tretas fenomenais.
'Não lembro de situações chatas'
No prédio incomum de Cambé, as discussões entre as famílias não são frequentes, segundo Isabella. No máximo, discussões entre pais e filhos ou entre casais —o que não é uma questão exclusiva de familiares que moram tão próximos. "Todo mundo se ajuda, não lembro de situações chatas."
Para ela, que é filha única, morar tão perto dos tios e primos sempre foi uma vantagem.
"Eu cresci com todo mundo perto de mim, eu sempre dividi minhas coisas, sempre tive com quem brincar. Eu e minha prima, a Maria Eduarda, temos a mesma idade. Por muitos anos a gente se vestia igual, como se fossemos gêmeas."
E, embora pareça bagunça, Isabella garante que a privacidade de cada família é preservada. Cada apartamento tem porta e campainha —não são cômodos de livre acesso.
"Se na minha casa não tem janta, em um dia da semana comum eu desço na minha tia e janto com eles. Mas sempre aviso e pergunto se eu posso, né?"