Conteúdo publicado há 1 mês

Família do motorista morto em Guarulhos fala em revolta e pede reparação

A servidora pública Simone Dionízia Fernandes Novais, 41, diz estar revoltada com a falta de "atenção e respaldo" das autoridades após a morte de seu marido, Celso Novais, motorista de aplicativo morto em Guarulhos.

O que aconteceu

Simone chegou ao IML de Guarulhos por volta das 15h do domingo (10) para liberar o corpo do marido. Ela afirmou ao UOL estar revoltada com a falta de policiamento no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. "Cadê o policiamento daquele lugar. Não tinha policiamento. Não teve policiamento, não conseguiram bloquear as saídas", disse.

Ela disse que não foi procurada por autoridades de segurança pública e tampouco por profissionais do aeroporto para oferecer respaldo. "Ninguém me ligou nem para desejar 'meus sentimentos'".

Familiares do motorista vieram de Brasília para se despedir dele. A mãe dele, Aparecida Camilo de Araújo, 66 anos, enfrentou 20 horas de ônibus para tentar se despedir do filho. "Ela não conseguiu pegar ele vivo, só vai conseguir estar no velório", disse Simone.

A irmã do motorista, Juliana Araújo Sampaio, espera uma reparação das autoridades. "Acho importante darmos uma manifestação para ninguém esquecer, para ninguém achar que ele morreu e acabou. O governo tem que dar uma reparação."

Juliana diz que também enfrentou 20 horas de Brasília a São Paulo para acompanhar os últimos momentos com o irmão. "Minha mãe me avisou que ele tinha tomado um tiro. Meu filho mais velho comprou a passagem e não percebeu que o ônibus ia demorar tanto com tantas escalas."

Família se preparava para visitá-lo no Natal. "O momento de vir não era esse. Ele estava muito feliz, a gente vinha passar o Natal com ele", afirma. Juliana também afirma que não recebeu nenhum respaldo ou contato das autoridades que investigam o caso. "Não tivemos nenhum apoio, ninguém perguntou o que aconteceu."

Dedicado à cozinha e à família

Celso gostava de cozinhar e passar as horas vagas com a família. "A alegria que ele tinha de preparar comida para gente era algo único. A gente sempre gostou muito da comida dele. Quando ele falava que ia cozinhar era um evento", lembra Simone. "Ele não tinha tempo, mas quando tinha gostava muito de cozinhar. Ele estava sempre sorrindo, brincando."

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Simone passou o domingo separando documentos e roupas para o marido. "Ainda não caiu a ficha", desabafa. "Tem dois dias que eu não durmo, acordei, separei documentos, roupas para ele. Depois já fomos tratar uma funerária."

A irmã do motorista fez o reconhecimento do corpo. "Eu não quis fazer, não ia aguentar", disse Simone que começou a namorar com Celso com 20 anos. "Ele é dono da metade da minha vida."

Simone lembra que o marido enviou um vídeo da ambulância a caminho do hospital. "Ele estava na ambulância, gravou um vídeo dizendo: 'Levei um tiro, estou na ambulância'. Era por volta das 16h, estava dando café da tarde para os meus filhos. Cerca de 45 minutos antes estava falando com ele", diz.

Ela é o marido tinham combinado de jantar juntos na sexta-feira (8). "Estava trabalhando, tínhamos combinado de jantar à noite, estávamos combinando", diz ela. "Espero agora por justiça". O velório está marcado para acontecer neste domingo às 18h no Memorial Vertical de Guarulhos e o enterro, para a manhã da segunda-feira (11).

"Se tivesse o policiamento certo no aeroporto, eles não teriam fugido. Deram tanto holofote para o rapaz que faleceu enquanto meu marido estava morrendo ninguém falou nada, ninguém desejou 'meus sentimentos'".
Simone Novais, mulher de Celso Novais, motorista morto após ataque em Guarulhos

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