Conteúdo publicado há 29 dias

Motorista gravou vídeo para esposa após levar tiro: 'Tô na ambulância'

Socorrido após ser baleado nas costas no ataque a um delator do PCC no aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8), o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, gravou um vídeo enquanto estava dentro da ambulância para contar o que aconteceu à esposa. Ele morreu no sábado (9).

O que aconteceu

O motorista de app estava no saguão do aeroporto de Guarulhos quando foi baleado. Segundo a funcionária pública Simone Fernandes de Novais, 41, esposa do motorista, ele havia estacionado em uma fila formada por veículos de motoristas de aplicativo e aguardava ser acionado por algum passageiro. "Em seguida, começaram os tiros e ele foi baleado", contou Simone ao UOL.

Novais chegou a passar por cirurgias no Hospital Geral de Guarulhos, onde foi levado para a UTI. Segundo a esposa, ele perdeu um dos rins e parte do fígado. "Ele sangrou muito, e isso fez com que o estado de saúde dele piorasse", disse ela.

O ataque que vitimou Novais e Gritzbach deixou outras duas pessoas feridas. Funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, sofreu ferimentos na mão direita e no ombro e teve alta neste sábado. Ferida superficialmente no abdômen, a técnica Samara Lima de Oliveira, 28, foi liberada do hospital na sexta-feira. Assim como Novais, eles não têm relação com o empresário.

Ele me mandou um vídeo pelo WhatsApp dizendo: 'Levei um tiro, tô na ambulância'. Mas, como estava ferido e com dificuldades para usar o celular, só registrou o trecho final da mensagem. Liguei em seguida, mas o telefone dele já estava na caixa postal. Depois, o amigo que estava com ele contou o que havia acontecido.
Simone Fernandes de Novais, viúva do motorista de aplicativo morto no aeroporto de Guarulhos

Vítima deixa três filhos

Celso era pai de três meninos com 20, 13 e 3 anos. "Ele era um pai muito dedicado e nunca deixou faltar nada para a família", disse Simone.

Segundo a esposa, ele trabalhava como motorista de app havia mais de dez anos. Costumava sair de casa por volta das 7h30 para jornadas de trabalho de até 15 horas diárias.

Cerca de 30 minutos antes do ataque, Celso ligou para a esposa. Ele queria animar o filho de 13 anos, que estava triste após a fuga do seu cão. "Ele disse: 'quando eu voltar para casa, vamos comprar comida japonesa e comer com ele'. Depois, a notícia que tive dele foi de que havia sido baleado", contou Simone.

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Ele [Celso] era uma pessoa trabalhadora, que nunca deixou faltar nada para a família. Costumava pegar passageiros no aeroporto de Guarulhos porque dizia que eram corridas longas e que rendiam. Nas horas vagas, gostava de ficar em casa com os filhos para assistir um filme, comer uma pizza. Era brincalhão e adorava cozinhar. Estamos devastados.
Simone Fernandes de Novais

Como foi o crime

Gritzbach voltava de Maceió. O empresário deixou Alagoas rumo a São Paulo e desembarcou no aeroporto de Guarulhos após voltar de uma viagem com a namorada e o motorista particular dele na tarde de sexta-feira (8). Ele tinha R$ 1 milhão em joias na bagagem.

Suposto problema em um dos carros da escolta do empresário. A segurança era feita por quatro policiais militares contratados por Gritzbach e que foram afastados do serviço após o assassinato. Segundo a Polícia Civil, o Volkswagen Amarok apresentou uma falha e foi deixado em um posto de combustível sem acessar a área de desembarque. A investigação irá apurar se houve mesmo falha mecânica ou se episódio pode estar relacionado com o crime.

Filho e amigo de Gritzbach foram levados do local pelos seguranças particulares do empresário. Eles chegaram ao terminal 2 no veículo Trailblazer, o outro veículo da escolta.

Assim que deixou o saguão do aeroporto, o empresário foi assassinado por dois homens encapuzados com fuzis. Os atiradores entraram em um Gol preto e fugiram do local. Gritzbach foi atingido por dez tiros.

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As imagens mostram, no meio do tiroteio, passageiros correndo com suas malas e funcionários tentando escapar. A ação deixou outras três pessoas feridas, que não tinham relação com Gritzbach.

Namorada do empresário deixou o local antes da chegada da polícia. Ela foi embora com um dos PMs que integrava a escolta do empresário e já foi ouvida pelas autoridades.

O veículo que teria sido no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto ainda na sexta-feira (8). Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.

Policiais militares que faziam a escolta do empresário morto prestaram depoimento, tiveram os seus celulares apreendidos e foram afastados de suas funções. Os agentes foram identificados como Leandro Ortiz, 39, Adolfo Oliveira Chagas, 34, Jefferson Silva Marques de Sousa, 29, e Romarks César Ferreira de Lima, 35. Os contatos dos PMs não foram encontrados para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

A polícia investiga se a vítima foi assassinada a mando do PCC. Mas não descarta outras possibilidades, como queima de arquivo, já que havia assinado acordo de delação premiada e tinha vários inimigos agentes públicos, a quem disse ter pago altos valores em propinas.

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