'Meu filho foi encurralado', diz pai de estudante de medicina morto pela PM
Colaboração para o UOL
21/11/2024 12h05
A ação de policiais militares que resultou na morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Costa foi uma "irresponsabilidade", disse Júlio César Acosta Navarro, médico e pai do jovem, em entrevista ao UOL News nesta quinta (21).
Segundo Navarro, o filho foi "encurralado e morto sem justificativa" pela PM de São Paulo.
O caso aconteceu na madrugada de quarta-feira (20) no bairro da Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Marco Aurélio, de 22 anos, foi baleado no abdômen por um policial militar durante uma tentativa de abordagem. O estudante foi levado ao Hospital Ipiranga e passou por uma cirurgia, mas morreu por volta das 6h40.
Desde o momento em que meu filho faleceu, sumiram totalmente todos os policiais, até os que me escoltavam. Sumiram. Ninguém, nenhuma autoridade, delegado, secretário, governador, ninguém se aproximou, bateu em minha porta e disse: 'Senhor Júlio, desculpe, alguma falha?' Absolutamente nada. Estou correndo com minha família atrás da funerária, suportando minha dor e tentando me levantar.
Isto é o maior crime que pode ser cometido, um assassinato. Não há nenhuma justificativa, nem sequer a versão oficial que diz que meu filho cutucou a ambulância, correu para dentro e aconteceu tudo o que está aí. Isso é uma coisa que não tem justificativa.
Minha esposa está chocada. Ontem, ela deu uma série de entrevistas ao vivo, inclusive pedindo, conclamando uma manifestação de autoridades. Ela está chocada, não tem nem condições [de falar]. As últimas energias que tenho são para me despedir do meu filho.
Quero denunciar a irresponsabilidade, a maldade, a crueldade, o sadismo, a xenofobia, a discriminação. Quero que fique bem claro: sou cientista, professor da USP. Todos da minha família são médicos e gente que trabalha muito, paga seus impostos, contribui com a ciência. E isso é uma coisa que destruiu totalmente a minha família. Júlio César Acosta Navarro, médico e pai da vítima
Navarro contou que teve muitas dificuldades para obter informações sobre o que havia ocorrido com seu filho e acusou os policiais militares de não o ajudarem. O médico ainda contestou a versão dos oficiais e disse haver uma testemunha, cuja versão comprovaria que o estudante não teria reagido à abordagem.
Um carro veio até a porta da minha casa me avisando que meu filho havia sido atingido. O mesmo veículo me levou a um hotel bem perto daqui, na Vila Mariana. Quando cheguei, vi 16 policiais em frente ao hotel, com quatro carros. Desci e gritei 'Cadê meu filho?'. Eles não falaram e ficaram me olhando.
A única coisa que me falaram é que houve um incidente, meu filho foi baleado e levado lá [ao hospital]. Perguntei onde ele estava e o que havia acontecido. Disseram que não poderiam me dizer porque estavam fazendo a investigação. Quis entrar no hotel para falar com um funcionário, e eles [policias] me impediram de pegar informações.
Já se passaram mais de 24 horas correndo de um lado para outro e nenhuma autoridade se apresentou. Só vi o vídeo [da ação] quando fui ao cemitério ver um jazigo e aí me mostraram [as imagens]. Minha mulher praticamente desmaiou e fiquei chocado.
O que eu sei é que não me disseram nada e me deram uma versão falsa. Sei que uma moça estava junto com meu filho e testemunhou. Há a versão dela, de que meu filho não fez absolutamente nada e que foi um crime do mais bárbaro e covarde. Júlio César Acosta Navarro, médico e pai da vítima
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