Mulher que acompanhava estudante morto por PM em SP diz que ele a agrediu
Uma mulher que acompanhava Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, morto por um policial em São Paulo nesta quarta-feira (20), afirmou que foi agredida por ele momentos antes da morte, em um hotel da capital.
O que aconteceu
Ela afirmou ser garota de programa e mantinha uma "relação de afinidade" com o estudante medicina. Em depoimento à Polícia Civil, ela disse que Marco a agrediu na cabeça durante uma discussão entre os dois por R$ 20 mil que ele supostamente devia a ela.
Segundo a mulher, a agressão ocorreu no momento em que ela tentou sair do quarto de hotel. "Olha o que você acabou de fazer, você está colocando a mão em mim", teria dito.
O recepcionista do hotel teria ligado para o quarto em meio à discussão. O estudante afirmou que estava tudo bem, mas ela rebateu: "Não, não está nada bem, eu quero sair daqui", disse, segundo o depoimento.
A PM foi acionada após a discussão pelo recepcionista. Ele afastou a mulher do local quando os agentes chegaram, mas ela conseguiu ouvir um disparo.
Ela também relata outra agressão, sofrida no Hospital Ipiranga, para onde Marco foi levado. A família dele a ofendeu e o irmão do estudante teria dado um soco no rosto dela, segundo o depoimento.
'Relação de afinidade'
A mulher disse à Polícia Civil que continuava cobrando a Marco pelos programas, apesar da relação afetiva. Foi assim que o estudante teria acumulado a dívida de R$ 20 mil com ela.
Ela também afirmou que as discussões entre eles eram comuns, tanto por questões financeiras, quanto pela família dele. Segundo o depoimento, a relação entre os dois não era aceita pelos familiares, e ele a impedia de trabalhar por ciúmes.
Os dois teriam se encontrado por acaso em um bar. Ela disse que Marco ingeriu "muita bebida alcoólica". Depois, ele teria chamado a garota de programa para ir ao hotel. Ela disse que pretendia apenas cobrar a dívida dele e depois ir embora. O estudante de medicina teria pago apenas R$ 250.
Defesa da família nega agressões
O advogado da família, Roberto Guastelli, afirmou que Marco Aurélio não agrediu mulher, que era amiga e não garota de programa. Segundo ele, o porteiro do hotel negou qualquer briga e acionamento da polícia militar. "Nunca a vítima a impediu de trabalhar. As discussões que ocorriam eram normais de casais, sem agressões físicas".
Família defende que Marco Aurélio foi executado pelos policiais. Ele não teria batido na viatura e nos policiais e as imagens não mostram ele tentando pegar a arma dos agentes.
Entenda o caso
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Quero receberUm policial militar matou um homem com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo na madrugada desta quarta. Os policiais envolvidos no caso foram afastados.
Os policiais chegaram ao local e viram o estudante "bastante alterado" e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. Ele chegou a ir para cima dos policiais.
Em certo momento, ele teria tentado pegar a arma de fogo de um dos policiais, ocasionando no disparo. O resgate foi acionado e o estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas morreu. Imagens das câmeras de segurança do hotel não mostram o estudante tentando pegar armas dos agentes.
A morte foi registrada como decorrente de intervenção policial. O agente que atirou no jovem teve sua arma apreendida.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que está apurando o caso e confirmou o afastamento dos policiais. "As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte de um homem de 22 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (20), na Vila Mariana, na capital paulista. Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações".
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