Polícia tenta prender ex-motorista de socialite, acusado de cárcere
Do UOL, em São Paulo
26/11/2024 07h58Atualizada em 26/11/2024 08h19
A Polícia Civil do Rio faz hoje uma operação para prender José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista da socialite Regina Lemos Gonçalves.
O que aconteceu
José Marcos é acusado de tentativa de feminicídio, sequestro e cárcere privado, violência psicológica e furto. A família de Regina acusa o homem de tê-la mantido isolada em casa, sem contato com parentes e amigos, por 10 anos. Também foram denunciadas agressões, roubos milionários e falsificação de documentos.
Acusação de tentativa de feminicídio é baseado em uma internação de dezembro de 2021. Regina foi internada com uma lesão na cabeça e precisou ser operada. No entanto, ninguém da família foi informado sobre a cirurgia ou hospitalização.
Justiça também determinou que mansão de Regina, administrada por José Marcos, seja desocupada. Os agentes realizam buscas neste imóvel e em apartamentos da socialite.
José Marcos e outros investigados estão proibidos de se aproximar de Regina e de tentar qualquer contato com ela. Ele alega que tinham uma união estável com Regina.
Regina e José viviam juntos desde 2011. Nesses 13 anos, ele conseguiu fazer uma união estável com a socialite e obteve uma autorização de curatela provisória da idosa, documento que permite uma pessoa a cuidar dos interesses de outra que se encontra incapaz, seja por questões físicas, mentais ou comportamentais para gerir a própria vida.
Vizinhos estranharam o sumiço de Regina em dezembro de 2023, quando ela parou de ser vista no Chopin, tradicional prédio em Copacabana. Segundo a família, ela conseguiu fugir em janeiro do cárcere em que era mantida, apenas com a roupa do corpo. Fontes ouvidas pelo UOL relatam que, no dia da fuga, ela tinha marcas roxas pelo braço.
Ele foi sumindo com ela aos poucos, de todo mundo. Quando ela conseguiu fugir, estava com 42 kg, apenas com a roupa do corpo. Minha tia foi agredida por ele, apareceu com os dois dentes quebrados e teve afundamento de crânio. As mãos estavam quebradas e enfaixadas de qualquer jeito. Foi horrível, mas agora ela está bem e a única coisa que nós queremos é justiça.
Álvaro O'hara, sobrinho de Regina, ao UOL em abril de 2024
Investigação começou em novembro de 2023. A polícia coletou depoimentos, laudos e boletins médicos do período em que José morou com a vítima em um apartamento em Copacabana.
Quem é a socialite
A socialite Regina Lemos Gonçalves, 88, é viúva de Nestor Gonçalves, ex-proprietário da empresa de baralhos Copag. A companhia centenária foi fundada em 1908, época em que importava artigos de papelaria para vender no Brasil. Em 1918, a empresa iniciou a produção própria das cartas e hoje é a fornecedora dos baralhos utilizados nos torneios do Campeonato Mundial de Poker.
Sem filhos, Nestor deixou uma herança de US$ 500 milhões (mais de R$ 2,5 bilhões na cotação atual) para Regina. Além do apartamento no Chopin, ela também é proprietária de uma mansão avaliada em R$ 15 milhões, que abriga obras de inúmeros artistas renomados.