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Comandante promete aperfeiçoar PM de SP, mas diz que erros foram 'pessoais'

O comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL, em São Paulo

04/12/2024 13h24Atualizada em 04/12/2024 13h30

O comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas, avaliou que os recentes casos de violência policial no estado foram "falhas pessoais" dos agentes envolvidos e declarou que a instituição não incentiva esse tipo de conduta.

O que aconteceu

O coronel afirmou que os casos estão tendo apuração rigorosa da Corregedoria. Araújo citou que investigação será transparente para a população.

Ele declarou que a Polícia Militar não incentiva o uso de violência, e que casos são isolados. "A minha análise é que nós ainda conseguimos tratar isso [os recentes episódios de violência] como casos isolados porque a instituição jamais incentiva isso, nenhuma dessas falhas pessoais são falhas que aconteceram por ensinamentos errados, por protocolo mal-entendido, muito pelo contrário, são falhas com a assinatura pessoal de cada uma dessas pessoas envolvidas nestes episódios", disse o comandante-geral da PM, em entrevista à CNN Brasil, nesta quarta-feira (4).

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Cássio Araújo de Freitas anunciou um programa para aperfeiçoar a PM. Sem detalhar quando a novidade será implementada, o coronel adiantou que o programa será baseado em três principais eixos: treinamento intensificado, melhor logística e melhoria de procedimentos.

"Precisamos treinar mais, principalmente o controle emocional. O outro eixo é a questão de logística, sobretudo com equipamentos que não sejam letais", disse. A conduta de policiais antes da chegada de reforço também será um dos temas desse novo programa.

Projeto já estava sendo elaborado, mas ganhou velocidade devido aos recentes casos. "É um programa de diminuição de danos colaterais das nossas ações", esclareceu o coronel. O anúncio do programa será feito em breve, complementou.

O comandante admitiu que não está satisfeito com os números da PM, mas ponderou que a instituição funciona de forma adequada. "Nós entendemos que as nossas ações estão trazendo bons resultados, é só olhar os números do estado de SP. O sistema está funcionando adequadamente, essa é nossa garantia".

O porta-voz da PM também isentou o secretário de Segurança Pública de responsabilidade. Cássio afirmou que Guilherme Derrite, chefe das polícias Civil, Militar e Técnico-Científica, não é responsável por ações indevidas da corporação. "Os erros foram pessoais e pontuais, por isso que a instituição está apurando, seja através de inquéritos policiais militares ou por meio de sindicâncias".

A responsabilidade objetiva é de quem detém o poder disciplinar. Não existe essa cultura da violência [da PMSP], o que existe é a cultura da prestação de serviço. O uso da força é absolutamente exceção dentro da nossa atividade, no dia a dia o policial exerce a força uma vez por mês, dependendo da área em que ele trabalha. Desde 1996, a PM tem procedimentos e protocolos que justificam essa minha afirmação. Nós temos doutrina, ensino e treinamento adequado e proporcional da força.
Cássio Araújo de Freitas, comandante-geral da PMSP

Escalada de violência da PM

A PM de São Paulo tem registrado uma escalada de violência nos últimos dias. Casos incluem um assassinato com tiro pelas costas de um agente de folga, uma criança de 4 anos que morreu ao ser baleada em meio a uma ação policial na Baixada Santista, e um vídeo mostrando um homem sendo jogado de uma ponte em uma abordagem.

Rocam envolvida em casos de agressão e espancamento após perseguições. Só no último domingo (1º), agentes que fazem rondas com apoio de motos se envolveram em dois episódios de violência policial.

Na zona norte da capital paulista, um PM foi filmado dando socos e chutes em um motociclista. A gravação mostrou ainda a mulher que estava na garupa sendo puxada por um policial. Antes das agressões, o motociclista havia colidido e derrubado a moto de um policial enquanto tentava escapar. Questionada, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) não informou se os agentes foram identificados ou afastados.

Também neste domingo, outra perseguição da Rocam terminou com um jovem sendo jogado de uma ponte na zona norte de São Paulo. A informação foi omitida no registro policial feito pelos agentes envolvidos no caso, segundo apurou o UOL. A vítima, que escapou da abordagem policial ao conduzir uma moto sem placa, sofreu ferimentos leves. A SSP-SP afastou 13 policiais envolvidos na ocorrência.

Vídeo gravou PM de folga matando jovem negro com tiro pelas costas. Gabriel Renan da Silva Soares foi assassinado por Vinicius de Lima Britto no dia 3 de novembro no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo. O policial militar foi afastado da corporação. A Polícia Civil investiga o caso.

Não houve abordagem ou voz de prisão, simplesmente oito tiros em legítima defesa do racismo e do capital dos grandes conglomerados de exploradores. Não será mais um número estatístico.
Rapper Eduardo Taddeo, tio da vítima

Filho de 4 anos de vítima da Operação Verão foi morto a tiros em meio a uma ação policial em Santos. Ryan da Silva Andrade Santos, 4, era filho de Leonel Andrade, homem fotografado de muletas e sentado na calçada, um hora antes de ser morto há 10 meses. Segundo a PM, sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.

Perdi o marido e meu filhinho de 4 anos para a violência policial. Estou arrasada, eu perdi um pedaço de mim.
Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan e esposa de Leonel

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