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Agredido em estação morreu por asfixia: 'Falaram em convulsão', diz viúva

Do UOL, em São Paulo

04/12/2024 10h18Atualizada em 04/12/2024 10h18

O homem de 30 anos que morreu após ser agredido em uma estação de trem em Carapicuíba sofreu asfixia mecânica, esganadura e politraumatismo, mostra laudo pericial do Instituto Médico Legal.

O que aconteceu

Documento também aponta que Jadson Vitor de Souza Pires tinha costelas quebradas e outros ferimentos. O laudo foi divulgado pela TV Globo nesta quarta-feira (4).

Incompatibilidade com informações dadas por seguranças à polícia. O documento do IML contradiz a versão formalizada em boletim de ocorrência, quando seguranças da Viamobilidade afirmaram que fizeram manobras de imobilização "somente nas pernas e nos braços da vítima".

Homem passou noite desaparecido após ser roubado, diz esposa. À TV Globo, a esposa de Jadson, Renata Souza disse que o homem saiu de casa no dia 11 de novembro para resolver burocracias após uma demissão e ligou para avisar que teve a moto roubada. Ele passou na casa de um conhecido e teria seguido para a estação, para poder voltar para casa.

Jadson não dormiu em casa e, preocupada, família foi em busca dele em hospitais e no IML. "Quando chegamos na UBS da Cohab, a gente foi informado que tinha entrado um rapaz em óbito, mas que ele tinha sido encaminhado para o IML. Quando chegamos no IML me deram a notícia", contou.

A pessoa que me atendeu no IML falou que já recolheram ele em óbito na estação e que era para a gente procurar a polícia porque era uma morte suspeita.
Renata Souza, à TV Globo

Família foi até estação para entender o que tinha acontecido. Segundo Renata, um guarda no local pegou o telefone de contato dela e um representante da ViaMobilidade ligou em seguida.

Disse que estava colaborando com a justiça, que ia colaborar com as imagens. Falou tudo, só que era para a Justiça que eles queriam dar uma explicação, não para a gente, família. Eles só confirmaram que ele teve uma convulsão, só que o laudo do IML não fala isso.
Renata Souza, à TV Globo

Antes de desmaiar, Jadson pediu ajuda e água, diz testemunha. Também à TV Globo, uma pessoa que viu o momento em que o homem foi espancado contou que ele falou repetidas vezes que tinha uma filha. "O que mais me doeu foi ver ele falando assim: eu tenho uma filha de três anos, se eu morrer, cuida dela", disse. Segundo esta testemunha, Jadson parecia estar sob efeito de drogas.

Relembre o caso

Jadson morreu após ser agredido por agentes de segurança da ViaMobilidade na estação Carapicuíba, da Linha 8-Diamante. O caso aconteceu em 11 de novembro, mas as imagens das agressões foram publicadas pela TV Globo nessa terça-feira (3).

Homem tentava entrar na estação sem pagar quando levou uma rasteira de um dos agentes. A ViaMobilidade diz que Jadson estava "bastante agitado" e não respondia às orientações e foi "contido após invadir a linha de bloqueio por várias vezes".

No chão, ele foi chutado por um homem de preto, que mais tarde foi identificado como um agente da GCM (Guarda Civil Metropolitana) à paisana. A ViaMobilidade diz que ele não tem nenhuma relação com a operação da concessionária.

Depois, Jadson é arrastado pelas pernas por dois agentes da ViaMobilidade até outro espaço. Toda a ação é presenciada por passageiros que estavam no local.

Outra câmera flagrou o momento em que Jadson é imobilizado com violência por três homens, dois deles usam a farda da Polícia Militar. Em outro momento, os seguranças aparecem fazendo massagem cardíaca em Jadson. Uma equipe do Samu também aparece nas imagens para fazer o resgate.

A morte de Jadson foi confirmada em uma UPA. Segundo a ViaMobilidade, ele sofreu um mal súbito e recebeu os primeiros socorros ainda no local. O UOL procurou a secretaria de Saúde para detalhes sobre a causa da morte. A polícia diz que a causa da morte ainda não foi determinada e que "os laudos periciais solicitados estão em elaboração e serão anexados ao inquérito assim que concluídos".

O caso é investigado pelo 1º DP de Carapicuíba. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que as novas imagens foram analisadas pela autoridade policial e os envolvidos serão intimados a prestar um novo depoimento.

A ViaMobilidade lamentou a morte de Jadson e diz que contatou a família para prestar apoio. Os agentes envolvidos no caso foram afastados de suas funções, informou a empresa, que disse que uma sindicância interna apura o caso. "A companhia informa que repudia qualquer forma de violência, premissa essa constantemente reforçada em seus treinamentos e procedimentos de segurança e atendimento".

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