SP: 180 mil veículos vão ao litoral após feriado, mesmo com surto de virose
Colaboração para o UOL
05/01/2025 11h14
Cerca de 180 mil carros desceram para o litoral paulista nos primeiros dias de janeiro após o Réveillon, segundo dados da Ecovias, concessionária responsável pelo Sistema Anchieta-Imigrantes. A movimentação reflete o alto fluxo de turistas, mesmo em meio a um surto de virose que afeta cidades da região.
O que aconteceu
Entre os dias 3 e 5 de janeiro, a Ecovias registrou a passagem de 179.545 veículos em direção à Baixada Santista. Durante os feriados de Natal e Ano Novo, mais de 1 milhão de carros se dirigiram ao litoral, e cerca de 200 mil ainda permanecem na região.
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No período equivalente do ano passado, 660.414 veículos foram contabilizados, uma diferença significativa em relação a este ano. As praias continuam sendo o principal destino de veraneio, apesar dos alertas das autoridades de saúde sobre o surto de virose em diversas cidades, como São Vicente, Praia Grande, Santos, Guarujá e Ubatuba, no litoral norte.
Guarujá enfrenta um surto de gastroenterocolite aguda. Mais de 2.000 atendimentos relacionados à virose foram realizados em dezembro, conforme relatado pela Vigilância Sanitária. O quadro inclui sintomas como cólicas, diarreia e febre.
Filas para atendimento emergencial, que chegaram a quatro horas no dia 1º de janeiro, foram reduzidas. Neste sábado (5), os tempos de espera caíram para 1h20 na UPA Enseada e 40 minutos no PAM Rodoviária.
Coordenador da Vigilância Sanitária diz que as medidas emergenciais ajudaram a conter o surto. Marcos Checon citou o reforço de equipes médicas e amplicação do horário de funcionamento das unidades de saúde. "As salas de emergência estão vazias e o fluxo está normal", afirmou.
As Unidades de Saúde da Família nos bairros Jd. dos Pássaros, Vila Rã e Cidade Atlântica mantêm atendimento até às 22h. A extensão do horário deve continuar caso a demanda persista.
Possíveis causas
Especialistas apontam que o surto pode estar relacionado a múltiplos fatores. A Cetesb classificou 38 praias do litoral paulista como impróprias para banho, incluindo todas em Santos. A presença de coliformes fecais, E. coli e enterococos está entre as principais causas da contaminação da água.
Muitos turistas relataram que ficaram doentes. Bruna Carolina Souza, que passou o Réveillon no Guarujá, descreveu os sintomas como severos, com vômitos e dores abdominais por mais de 24 horas. "Eu prometi que não quero mais entrar no mar do Guarujá nesta temporada," afirmou em entrevista ao UOL News.
O infectologista Renato Kfouri diz que água da torneira e aglomeração são os vilões de surto de virose. O especialista citou ainda alguns cuidados que se devem tomar para evitar intoxicações. "Levar o seu próprio alimento, a lavagem de mãos, evitar consumir alimentos crus, gordurosos, água, gelo, isso vai sem dúvida reduzir de uma maneira muito importante", enumerou.
A Prefeitura do Guarujá afirma que acionou a Sabesp para investigar possíveis vazamentos e ligações clandestinas de esgoto. A companhia, por sua vez, informou que os sistemas de água e esgoto da Baixada Santista estão operando normalmente, com monitoramento permanente, mas reconhece que fortes chuvas podem sobrecarregar o sistema devido à entrada irregular de água pluvial. Apesar disso, garantiu que a água fornecida atende aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde.