Caso Vitória: Polícia Civil fará reconstituição mesmo após fala de delegado


Do UOL, em São Paulo
24/03/2025 18h52Atualizada em 24/03/2025 22h08
A Polícia Civil de São Paulo informou nesta segunda-feira (24) que fará a reconstituição do assassinato da adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, em Cajamar. A manifestação ocorre após o delegado responsável pelo caso descartar a realização do procedimento.
O que aconteceu
Mudança contraria versão dada por delegado pelo caso na última semana. Em coletiva de imprensa no dia 18, Fábio Lopes Cenachi afirmou que a reconstituição não faria sentido porque o caso estava praticamente encerrado e o suspeito preso, Maicol Antonio Sales dos Santos, de 23 anos, foi quem teria cometido o assassinato, segundo a polícia.
Procedimento foi confirmado ao UOL pela SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo). "A Polícia Civil solicitou ao IML [Instituto Médico Legal] a reconstituição do crime para esclarecer todas as circunstâncias em que ele ocorreu", disse. A pasta não informou porque houve recuo para a realização do procedimento e não respondeu quando a reconstituição deve ser realizada, nem se ela contará com a presença de Maicol.
Reconstituição do crime era um pedido da família de Vitória. Em ato realizado no último final de semana, os familiares e amigos da vítima pediram por justiça e reforçaram a solicitação para o procedimento ser feito por acreditarem que Maicol não agiu sozinho.
As investigações prosseguem pela Delegacia de Cajamar para a conclusão do inquérito policial. Ainda segundo a secretaria, Maicol, que é o principal suspeito, segue preso temporariamente após confessar a autoria do homicídio.
Em nota, a defesa de Maicol disse na noite de hoje que a Justiça decidiu que o preso não pode ser obrigado a participar da reconstituição do crime. "Afinal, não há como reconstruir um crime cuja autoria e dinâmica permanecem desconhecidas", escreveu os advogados Flávio Ubirajara, Arthur Perin Novaes e Vitor Aurélio Timóteo da Silva. Eles também acrescentaram que o judiciário determinou a impossibilidade da realização de exame psiquiátrico no cliente, conforme pedido pela Polícia Civil, por "desacordo com a lei".
Relembre o caso
Vitória Regina de Sousa desapareceu no fim de fevereiro depois que saiu do trabalho, em um shopping de Cajamar, na Grande São Paulo. Naquela noite, a jovem pegou um ônibus e mandou mensagem para uma amiga. Depois, pegou outro ônibus e escreveu para a amiga novamente dizendo que estava com medo de estar sendo seguida.
O corpo dela foi encontrado no dia 5 de março, com sinais de tortura. Segundo a autópsia, a adolescente morreu em razão de facadas no tórax, pescoço e rosto. O documento não apontou sinais de abuso sexual.
O suspeito do crime, Maicol Antonio Sales dos Santos, foi preso e a polícia acredita que ele agiu sozinho. Investigações mostraram que o homem era "obcecado pela vítima", segundo o delegado responsável pelas investigações.
Suspeito detido pelo homicídio monitorava a adolescente pelas redes sociais desde 2024, segundo a polícia. Maicol viu a publicação no Instagram da vítima em que ela mostrava estar sozinha na rua indo para o ponto de ônibus.
"Fica claro que somente ele participou desse crime", afirmou Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia da Macro São Paulo. A fala ocorreu em coletiva da Polícia Civil na última semana para falar dos desdobramentos das investigações.
Segundo delegado, homem tem traços de psicopatia, fala do crime naturalmente e não tem sinais de arrependimento. "Mas essa circunstância vai ser avaliada na elaboração do seu exame criminológico, que vai ser necessário na fase judicial", ressaltou Fabio Cenacchi, delegado da delegacia de Cajamar.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.