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Crivella ataca Paes e começa 2° turno quente: "mais corrupto da história"

Marcelo Crivella (Republicanos), candidato à Prefeitura do Rio - Herculano Filho/UOL
Marcelo Crivella (Republicanos), candidato à Prefeitura do Rio Imagem: Herculano Filho/UOL

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

16/11/2020 10h50Atualizada em 16/11/2020 11h40

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), intensificou hoje os ataques à gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), seu adversário no segundo turno das eleições, contestou as pesquisas de intenção de voto e fez denúncias de campanha de boca de urna durante o pleito. Crivella teve 21,9% dos votos e ficou em segundo lugar no primeiro turno, atrás de Paes (37%).

O bispo licenciado da Igreja Universal ainda direcionou o discurso aos eleitores evangélicos e confirmou a estratégia de buscar alianças com partidos conservadores.

Crivella falou nesta manhã pela primeira vez após a confirmação da sua presença no segundo turno no principal comitê de campanha, em um prédio comercial em Jacarepaguá, zona oeste do Rio.

Em um pronunciamento de 50 minutos ao lado da vice na chapa, Andréa Firmo, ele ainda relacionou Paes a Sérgio Cabral, ex-governador do Rio preso desde 2016 e condenado a mais de 280 anos de prisão após denúncias da Operação Lava Jato.

"O governo Paes foi o mais corrupto da história do Rio. Foram grandes obras, com grandes propinas. Precisamos redimir o Rio da tragédia e da corrupção", disse.

Ele ainda relacionou as gestões do Paes ao poder paralelo imposto pelo crime organizado em áreas dominadas por milícias e pelo tráfico de drogas. "Isso nasce com a maldita corrupção dos políticos, que pelo poder fazem qualquer negócio. Isso tem que acabar nas próximas eleições e nas urnas".

Ele também fez ataques a Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, relacionando-o a Paes. "Ele [Montenegro] tem amizade com o Paes, que o chama de 'meu padrinho', e o ajuda por questões afetivas", acusou. "Contrariamos as pesquisas, que sempre são um instrumento eleitoral. Impossível que sejam isentas de paixões", completou.

O UOL tentou contatar Montenegro para que ele pudesse se posicionar, mas não conseguiu localizá-lo.

Denúncias de boca de urna sem provas

Sem apresentar provas, Crivella também relacionou Paes a campanhas de boca de urna. "São denúncias enormes na internet da velha política, com distribuição de recursos que não são contabilizados e não entram na prestação de contas", relatou. "O Rio de Janeiro precisa tomar o caminho do bem e decidir com a razão, não com a emoção".

Crivella também confirmou que já começa a planejar as alianças para o segundo turno. E minimizou o posicionamento do candidato derrotado Luiz Lima (PSL), que disse que não irá apoiá-lo.

"Vou procurar os candidatos que são conservadores, de direita. Nesse momento, o candidato tende a tomar uma decisão porque se sente injustiçado. Mas o assunto vai ser tratado com o presidente do partido", declarou.

Diz ser alvo de perseguição religiosa

Em um discurso para evangélicos, Crivella disse ser alvo de perseguição religiosa por parte do ministro Edson Fachin, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal), em ação de inelegibilidade.

O prefeito também falou sobre a condenação pelo TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio) em setembro por abuso de poder político e conduta vedada, o que o deixou inelegível até 2026 — mas obteve liminar que suspendeu a decisão no TSE.

Na última sexta-feira, o ministro Mauro Campbell, relator do processo, votou favorável à manutenção da liminar. Fachin votou contra.

"Vamos respeitar o voto. Mas infelizmente, o ministro Fachin tem certa prevenção contra candidatos evangélicos. Lamento, mas respeito. Ele tem o direito de votar de acordo com a sua consciência", argumentou.

Ele também foi alvo de operação do MP-RJ (Ministério Público do Rio) contra o suposto "QG da Propina" e sofreu desgaste em razão do episódio conhecido como "Guardiões de Crivella".

'Consciência patriótica', diz sobre Bolsonaro

Ao ser questionado sobre o posicionamento discreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no primeiro turno, Crivella minimizou e voltou a elogiá-lo.

"Me sinto um pouco constrangido, porque sei das ocupações do presidente. Mas se ele vier ao Rio, será espetacular. Nós vamos andar juntos. Ele é movido por uma consciência patriótica enorme".

E, ao falar do apoio, sugeriu que o presidente teria criticado Paes indiretamente em um discurso.

"Não sei se vocês lembram. Ele disse: 'bom gestor' [slogan de Paes] e fez assim, ó", falou, gesticulando com os dedos, fazendo alusão a dinheiro.