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Boulos cita Nunes e diz que entrada do crime organizado em SP é risco real

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/06/2024 04h00

Pré-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que a entrada do crime organizado na esfera pública é um "risco real" na capital paulista. Em entrevista ao "Alt Tabet", do Canal UOL, o deputado federal criticou o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e exemplificou sua preocupação com a descoberta da relação entre criminosos e duas empresas de ônibus com atuação no transporte público da cidade.

Boulos afirmou haver, sim, chance de entrada do crime organizado na esfera pública da capital. "Denúncias têm mostrado que temos o risco da entrada do crime organizado nos espaços de poder aqui em São Paulo. Já teve operação mostrando a entrada do crime organizado nos ônibus públicos da capital, em uma empresa que o prefeito elogiou, depois de o presidente dessa empresa ser preso por ligação com o crime organizado".

Para o pré-candidato, há "o risco" de que o modo de atuação das milícias do Rio de Janeiro seja "exportado" para São Paulo. "Modo sem transparência, coisas suspeitas, mal explicadas, e São Paulo é a cidade mais rica do hemisfério sul. Há a possibilidade de essa turma entrar no estado dessa forma e é uma preocupação de verdade, porque existe o risco real de isso acontecer em São Paulo. E eu vou dialogar isso com a cidade durante a campanha, de maneira franca".

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Guilherme Boulos fez referência às empresas UPbus e Transwolff, que em abril foram alvos de operação do Ministério Público. As companhias são suspeitas de servirem como meio para lavagem de dinheiro para o PCC (Primeiro Comando da Capital). Dias depois da operação do MPSP, Ricardo Nunes visitou a garagem da UPbus e gravou vídeo com elogios à empresa pelo atendimento à população.

Boulos criticou, ainda, o vice de Nunes, o ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL), que defende abordagens diferentes para pessoas na periferia e em regiões nobres. Para Boulos, é preciso que a população de São Paulo compreenda que combater as desigualdades sociais será benéfico para toda a cidade, inclusive na melhoria da segurança pública.

Tem um setor que talvez tenha receio das minhas propostas, e que eu vou buscar dialogar com esse setor durante minha campanha, para mostrar que combater as desigualdades sociais é bom para todo mundo. Ter uma cidade que não tenha ninguém morando nas ruas, que você faça de verdade moradia e urbanização de favela, que invista no SUS, na escola pública, investe em oportunidades para os jovens das periferias, você vai ter uma cidade menos conflagrada, que é melhor para todos.

Boulos diz se chatear com piadas de invasão por atuação no MTST

O deputado disse ter aprendido que não adianta brigar contra a pecha pejorativa, mas, sim, reverter para o próprio benefício, embora as piadas lhe deixem chateado. "Tentamos esclarecer isso para além do argumento e fizemos isso nas redes sociais brincando, porque se é isso que chama a atenção para a gente poder falar o que é, beleza. Agora isso me chateia de verdade, não por mim, mas pelas tantas pessoas que conheci no movimento, e que às vezes são atacadas como 'vagabundas, que querem as coisas fáceis e tomam o que é dos outros'".

Ele esclareceu a atuação do MTST e afirmou que o movimento social "nunca tomou ou invadiu a casa de ninguém", mas, ao contrário disso, "dá casa para as pessoas". Boulos destacou que o MTST invade apenas propriedades que estão em situação irregular com o Estado, para que a Justiça cumpra o que preconiza a Constituição, de que esses imóveis devem ter uma função social.

Cláusula que salvou Janones é mesma usada por bolsonaristas, diz Boulos

Boulos foi relator do caso Janones e deu parecer contra punição do colega porque a suposta rachadinha teria sido praticada antes da atual legislatura. "Estudei o caso e existe uma jurisprudência no Conselho de Ética da Câmara de que alguém suspeito de cometer um crime antes do mandato, não pode ser punido nesta legislatura", declarou.

Ele afirmou que rachadinha é crime independente de quem praticar, mas ressaltou que "não era possível adotar dois pesos e duas medidas". O deputado salientou que foi por essa cláusula do Conselho de Ética da Câmara que os bolsonaristas que estiveram naquele 8 de janeiro de 2023 não foram julgados pela Casa, porque os fatos se deram dias antes da proclamação de posse da atual legislatura, ocorrida em fevereiro daquele mesmo ano.

Boulos salientou ser contra essa norma da Câmara, porque não há "razão de ser nela". "Agora se essa é a regra que está sendo utilizada, você não pode usá-la para a extrema-direita e não para quem o do campo oposto. Se a regra do Conselho de Ética da Câmara é que só se cumpra na legislatura, não pode ser uma para os bolsonaristas e outra para o Janones. Em nenhum momento relativizei o crime de rachadinha".

Alt Tabet no UOL

Toda quarta, Antonio Tabet conversa com personagens importantes da política, esporte e entretenimento. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube do UOL. Assista à entrevista completa com Guilherme Boulos:

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