Recife: Pré-candidato à reeleição elogia Lula e não diz se ficará 4 anos
Eduardo Baszczyn
Colaboração para o UOL, em São Paulo
04/07/2024 15h42
O prefeito do Recife e candidato à reeleição pelo PSB, João Campos, não se comprometeu a terminar o seu mandato, caso vença a eleição municipal. Ele foi entrevistado nesta quinta-feira (4) em sabatina promovida pelo UOL e pelo Jornal Folha de S.Paulo.
O que aconteceu
Em uma entrevista com elogios ao presidente Lula (PT), João Campos evitou se comprometer com a promessa de cumprir o seu mandato até o final, caso seja reeleito. Para ele, no momento, o foco deve estar em 2024 e não se deve antecipar as discussões sobre as eleições para o governo estadual, daqui a dois anos.
A eleição é a de 2024, e a gente não pode falar de uma outra eleição, lá na frente, sem nem ter enfrentado uma. Como você está falando de uma suposição de eu ser reeleito, para uma eleição futura? Nem passou a eleição, a gente precisa, inclusive respeitar os eleitores. O meu foco é a eleição de 2024 e eu não vou falar sobre a de 2026 porque nem a de 24 chegou
João Campos (PSB), em sabatina UOL/Folha
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João Campos disse ser "uma honra" poder contar com o apoio de Lula e elogiou o governo petista, destacando avanços na economia, como a queda na taxa de desemprego e a redução do número de brasileiros em extrema vulnerabilidade. Na opinião dele, o cenário atual é diferente do herdado pelo presidente no seu primeiro mandato, em 2003, e os resultados levam mais tempo para ser percebidos.
O governo do presidente Lula é um governo de muitos acertos. É um governo de reconstrução. O cenário que ele herdou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um cenário diferente do herdado neste último governo, com uma necessidade de reestruturação de política pública, de recomposição de quadros, reorganização do funcionamento. Isso dá trabalho, leva tempo, mas os resultados estão sendo postos
Campos rebateu as críticas que recebe de adversários sobre sua forte presença nas redes sociais —ele é o prefeito de capitais com mais seguidores no TikTok. Disse que é importante utilizar as ferramentas atuais para mostrar, com transparência, o que está sendo feito na capital pernambucana.
Questionado sobre possíveis falhas na comunicação do governo federal, o pré-candidato afirmou ser "natural sempre haver necessidades de melhorias". Para ele, entretanto, há uma desigualdade entre as narrativas, com um domínio majoritário da extrema direita com sua estratégia agressiva e uso de fake news.
Rusgas com o PT
Durante a sabatina, Campos afirmou que a troca de farpas com a prima Marília Arraes —então filiada ao PT e hoje no Solidariedade—, durante a disputa de 2020, se deu por "circunstâncias políticas daquele momento". "Seria bom que não tivesse existido? Seria muito mais confortável. Mas é uma circunstância que você não escolhe", disse.
Depois daquilo, vimos uma frente ampla ser construída para viabilizar a eleição de Lula. No segundo turno de 2022, formamos o palanque com Lula, tendo Marília como candidata a governadora. Eu mesmo votei nela no segundo turno.
Campos foi eleito prefeito do Recife com 56,27% dos votos válidos no segundo turno. Marília Arraes obteve 43,73% dos votos.
Propostas para o Recife
O pré-candidato à reeleição pretende começar um estudo sobre o armamento de parte da Guarda Municipal. A ideia é iniciar a experiência com o treinamento de um grupo tático e ampliar o armamento para todos guardas civis, de acordo com os resultados do estudo.
Campos garantiu que há um equilíbrio das contas públicas do estado e prometeu melhorias na mobilidade urbana e a continuidade de investimentos na proteção de encostas. Ele criticou a falta de repasses para essa última área durante o governo Bolsonaro.
O prefeito disse que não vê sentido em cortar verbas do Carnaval —o que, segundo ele, seria péssimo para a economia da capital pernambucana. Na terça-feira (2), durante sabatina, o pré-candidato do PL à Prefeitura do Recife, Gilson Machado Neto, prometeu reduzir a verba para o evento e priorizar artistas de Pernambuco, em caso de vitória.
Campos lidera, até o momento, a corrida eleitoral na capital pernambucana. Com 57,3% das intenções de voto, ele poderia ser reeleito já no primeiro turno, de acordo com pesquisa AtlasIntel divulgada em abril. Ele é seguido por Gilson Machado —que tem 21,4% das intenções de voto e o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Prefeito mais jovem da história da capital pernambucana, João Campos assumiu o cargo aos 27 anos. Formado em engenharia civil, ele é filho do então candidato à Presidência Eduardo Campos —que governou Pernambuco por dois mandatos e morreu em um acidente de avião, durante a campanha de 2014.
Campos começou na política como militante do PSB, participou ativamente da campanha do ex-governador Paulo Câmara (PSB) e, em 2016, passou a ocupar a chefia de gabinete do governo de Pernambuco. Dois anos depois, foi o deputado federal mais votado da história do estado, o mais votado da região nordeste naquela eleição e o quinto mais votado do Brasil.
Ciclo de sabatinas UOL e Folha
A entrevista foi conduzida pelo jornalista Diego Sarza, com participações dos repórteres Carlos Madeiro, do UOL, e José Matheus Santos, da Folha. Amanhã (5), será a vez do ex-deputado Daniel Coelho (PSD).
A série de sabatinas está ouvindo pré-candidatos de 17 cidades do país. As entrevistas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.
O ciclo foi aberto com pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte: o atual prefeito Fuad Noman (PSD) e o deputado federal Rogério Correia (PT). Também já participaram das sabatinas pré-candidatos de Salvador —o atual prefeito, Bruno Reis (União Brasil), e Kleber Rosa (PSOL)— e de Porto Alegre —Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT).
A oficialização das candidaturas deve acontecer até o dia 5 de agosto, data limite definida pela Justiça Eleitoral para as convenções partidárias.