Marçal oficializa candidatura em SP e sobe tom contra Nunes, Boulos e Lula

O empresário Pablo Marçal (PRTB) oficializou hoje (4) sua candidatura à Prefeitura de São Paulo e anunciou o nome de Antonia de Jesus como vice numa chapa "puro-sangue".

O que aconteceu

Em seu discurso, Marçal subiu o tom nas críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e disse que o emedebista "não tem presença de comando". "Pode até juntar 11 partidos para defender um fraco, pode até juntar o presidente da República. Está lançado o desafio, qual dos pré-candidatos tem mais energia do que eu?", disse. O atual prefeito tem uma coligação de 12 partidos. Segundo Marçal, Nunes o bloqueou nas redes sociais.

Mesmo sem apoio de Jair Bolsonaro (PL), Marçal se coloca como o candidato bolsonarista na corrida eleitoral. Ele já disse, em diversas ocasiões, que decidiu se candidatar por não haver nomes da direita. O ex-presidente apoia a reeleição de Nunes e esteve ontem (3) no evento que oficializou a candidatura pelo MDB.

O empresário também criticou Guilherme Boulos (PSOL) e a sua candidata a vice, Marta Suplicy (PT). "Tem candidatos que nunca trabalharam na vida e querem dirigir uma cidade do trabalho de São Paulo. O cara [Boulos] não cuida da própria vida e vai cuidar da cidade?", disse Marçal.

Marçal disse que "achava bonito" Lula estar no mesmo partido a vida inteira, mas também o atacou. "Se um metalúrgico que nunca fez nada relevante por ninguém [é presidente], por que vocês estão enchendo o saco de alguém que é empresário?", afirmou.

"A vice-prefeita de São Paulo é policial, mulher e 'braba'", afirmou Marçal, sobre a candidata a vice pelo PRTB. "Ela é casada, católica, não nasceu na cidade de São Paulo, é nordestina. Veio para cá em 1996 e é alguém que tem contribuindo com essa cidade. Fizemos uma oração de aliança para o povo", disse Marçal.

Chá revelação para anunciar vice

Equipe do candidato soltou confetes da cor rosa no palco. "Eu sei que é brega, mas nós vamos fazer", disse o empresário antes de anunciar o nome da candidata a vice, numa espécie de chá revelação.

Antonia de Jesus discursou para o eleitorado feminino, religioso e para policiais. Segundo ela, colegas policiais teriam dito que estão "ao lado de Pablo Marçal". A candidata a vice também se referiu à população do Nordeste. "O povo nordestino ficou para trás, e o Pablo vai nos ajudar a prosperar", disse ela.

Esposa de Marçal adotou tom messiânico ao discursar no evento. "O Pablo não precisava estar mexendo com política. Pablo tem algo muito peculiar: ele obedece muito a Deus, ele sente um chamado de Deus", afirmou Carolina Marçal. Ela reforçou a imagem de "humildade" dele e disse que "duas características muito fortes: amar a Deus e obedecer a Deus".

Marçal encerrou a convenção com uma oração. Na prece, ele reconheceu que está em um partido pequeno, mas que acredita na vitória. "Me dá sabedoria, senhor [...]. Não sou mais um homem do setor privado, sou um homem do setor publico, quero amar essas pessoas como ninguém nunca amou", afirmou.

Uma foto de Marçal com sua candidata a vice foi apresentada com o número da urna da chapa. Ontem, Nunes participou da convenção do MDB com um adesivo com seu número — a atitude gerou uma ação do PSB contra o prefeito por propaganda antecipada. Os candidatos podem pedir voto a partir do dia 16 de agosto.

Disputa no PRTB

Evento tem a presença do atual presidente do PRTB, Leonardo Alavanche, e de Levy Fidelix Filho. Correligionários ergueram uma bandeira do Rio Grande do Sul no início da convenção. Músicas sertanejas também foram colocadas antes de começar a cerimônia.

Candidatura de Marçal foi alvo de ações na Justiça. O empresário é apoiado pelo atual presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche, cuja liderança é contestada por ao menos dois outros grupos. Uma ala de dirigentes que se opõe a Avalanche entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que poderia barrar a candidatura de Marçal na sexta (2), mas que foi rejeitada pela ministra Cármen Lúcia no dia seguinte.

Empresário e influenciador tenta cargo público pela terceira vez. Em 2022, ele tentou disputar a Presidência da República pelo Pros, mas o partido cancelou a candidatura e apoiou o presidente Lula (PT). Marçal, então, concorreu a deputado federal por São Paulo e teve 243 mil votos, mas o registro foi negado pela Justiça Eleitoral.

Desde o ano passado, ele trocou de partido várias vezes em busca da candidatura. Primeiro, se filiou ao Solidariedade. Em março deste ano, foi para o DC (Democracia Cristã) e, duas semanas depois, mudou de legenda novamente. Desde 5 de abril, faz parte do PRTB.

Pesquisa Quaest divulgada na última terça-feira (30) mostra Marçal com 12% das intenções de voto. Ele aparece atrás de Ricardo Nunes (MDB), Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), empatados tecnicamente em primeiro lugar.