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Debate tem Boulos irritado, dobradinha de Marçal e broncas na plateia

Candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate Estadão/Terra/Faap; da esquerda para a direita, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Pablo Marçal, Tabata Amaral e Marina Helena Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

14/08/2024 13h09

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo apresentaram mais propostas no debate realizado nesta quarta-feira (14) pelo Estadão/Terra/Faap em comparação com o encontro promovido pela Band na semana passada, mas derraparam nas próprias estratégias. Houve novas trocas de provocações entre os adversários, descambando para agressividade, especialmente entre Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB).

O que aconteceu

Candidatos debateram por quase três horas, responderam perguntas de jornalistas e dos adversários. Os seis concorrentes se mostraram confusos com as regras definidas para o debate.

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Ricardo Nunes (MDB) não teve grandes momentos de protagonismo, mas soube apresentar as ações da atual administração. O candidato à reeleição ganhou direito de resposta duas vezes pelas declarações feitas por Tabata Amaral (PSB) — ela sugeriu ao prefeito adotar o slogan "rouba e não faz".

Boulos caiu nas provocações do Marçal e tentou colar pecha de bolsonarista em Nunes. O psolista xingou diretamente o empresário, dizendo que ele é "viciado em mentir", "psicopata" e "babaca da internet". O deputado ainda tentou arrancar a carteira de trabalho da mão do adversário quando Marçal o provocava dizendo que iria exorcizá-lo com o documento em mãos. Sem provas, o ex-coach voltou a associar Boulos ao uso de drogas e o chamou de "vagabundo".

Postura de Boulos hoje contrastou com sua participação da Band. Se no primeiro debate Boulos saiu ileso diante do descontrole de Marçal quando ele foi perguntado por Tabata sobre seus processos na Justiça, no encontro do Estadão/Terra ele perdeu a calma diante do empresário.

Datena (PSDB) tentou recuperar o desempenho ruim do primeiro debate, mas adotou postura dispersa. Já no início do evento, o tucano disse que não estava sabendo das regras. Ele manteve as críticas ao prefeito e o discurso ligado a segurança pública, contra o PCC. O apresentador perdeu o tempo em diversos momentos — dando mais espaço para que os concorrentes falassem sem interrupções ou questionamentos.

Marçal iniciou o debate com tom mais suave em relação ao primeiro encontro, mas depois manteve a mesma estratégia agressiva. O empresário reforçou o discurso "antissistema", criticou todos os adversários, com exceção de Marina Helena (Novo), e afirmou que "isso aqui [o debate] é um teatro", insinuando que a eleição era um jogo de cartas marcadas.

Após ser chamado de "babaca de internet" por Boulos, o empresário se levantou com dedo em riste pedindo direito de resposta. Ao se sentar, derrubou uma lata de bebida enquanto discutia com candidato do PSOL. O pedido de resposta foi negado.

Estreante no debate, Marina Helena (Novo) repetiu estratégia de Marçal. A candidata, que ficou de fora do debate da Band pelas regras da emissora que mirou apenas os líderes nas pesquisas, adotou estratégia parecida com a de Marçal, e investiu na polarização. Ela afirmou que adversários eram todos "esquerdistas", invocou o discurso de "ideologia de gênero" e da iniciativa privada.

A tabelinha entre Marçal e Marina Helena ficou claro quando os dois foram chamados a debater. "Parabéns, uma mulher guerreira, bem intencionada, inteligentíssima, bem preparada", disse ele à Marina antes de perguntar como ela conseguiria ser eleita embora não seja nacionalmente conhecida, como os rivais.

Candidatos pediram direitos de respostas por ataques de adversários. Organização do evento concedeu o direito duas vezes para Nunes, uma para Boulos e outra para Marçal.

Bronca na plateia e regras criticadas

Plateia do debate, formada por estudantes e membros das campanhas, levou bronca ao longo do evento. Tabata, Boulos e Marçal, são os candidatos com maior torcida. A mediadora precisou conter os presentes para não gritarem durante as respostas e perguntas dos políticos.

Durante o embate de Tabata e Boulos, Marçal ficou virado de costas para os adversários. O empresário direcionou suas principais críticas ao candidatos do PSB e do PSOL. Ao entrar no estúdio, ele não cumprimentou o psolista, mas trocou palavras ao pé do ouvido com Datena.

"E essa zona?", perguntou um membro da campanha de Marina Helena sobre a aparente desorganização do debate. "Acho que não explicaram nada", respondeu outro membro da campanha. A derrapada começou logo na primeira pergunta, quando a mediadora não sabia se pedia para Nunes e Marina Helena fazer novas perguntas ou se deveriam voltar para seus lugares.

O que disseram os candidatos

Deputada, é da sua prática mentir, tanto é que a senhora foi no programa e mentiu que votou a favor do aumento de pena para criminosos. A senhora fala de segurança e a senhora mentiu, estava na Câmara e não votou a favor. A senhora não votou a favor do aumento de penas, diferente do que disse em entrevista.
Ricardo Nunes

Marçal, você é um mentiroso compulsivo, é viciado em mentir, é impressionante. Eu acho que você veio para o debate, as pessoas percebem, com a sua plateinha e tal para tumultuar, você é o padre Kelmon dessa eleição, é isso que você é. Você veio para tumultuar, você é uma caricatura.
Guilherme Boulos

A questão da cracolândia parece resolúvel por todos os prefeitos e principalmente pro Ricardo, que não fez nada para resolver o problema da cracolândia, destruiu o centro da cidade de São Paulo. A cracolândia tem que ter a participação de todos os atores de segurança e justiça para que ela seja resolvida.
Datena

Você que é o PT Kids nessa prefeitura de São Paulo, isso é até uma demonstração no país inteiro de um PT do PSOL que é uma grande m*rda nessa nação. Isso aqui é a escória da esquerda, a esquerda já não presta, você imagina a escória da esquerda.
Pablo Marçal

A diferença entre eu e esses candidatos é que não só eu estou estudando e lendo as coisas ou turistando na periferia. Eu sei do que eu estou falando. Eu estou vendo criança na rua se drogando.
Tabata Amaral

Chega das nossas crianças nas escolas aprendendo ideologia de gênero, aprendendo a ser comunista. O que a gente quer é trazer as melhores escolas particulares de São Paulo para administrar as escolas públicas porquê elas custam menos que fazem muito melhor.
Marina Helena

Participam desta cobertura
Do UOL, em São Paulo: Ana Paula Bimabti, Anna Satie, Rafael Neves, Stella Borges e Wanderley Preite Sobrinho
Colaboração para o UOL: Letícia Polydoro

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