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Presença discreta de Nunes em 7/9 reflete distanciamento de Bolsonaro

Bolsonaro em ato que lançou a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) à reeleição, no início de agosto Imagem: Yuri Marakami - 03.ago.2024/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

07/09/2024 05h30

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) terá uma presença discreta nos atos organizados neste sábado (7), na avenida Paulista, em São Paulo. Interlocutores afirmam que ele estará no evento após um pedido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O que aconteceu

Nunes deve ir ao ato acompanhado pelo vice Mello Araújo, por Tarcísio e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Aliados do prefeito disseram que os quatro tomarão café no Palácio dos Bandeirantes e depois seguirão para a avenida Paulista.

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Prefeito não fará discurso durante o ato, segundo a campanha. A presença dele no evento, que terá como uma das principais pautas o pedido de impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, atende a um pedido feito há algum tempo por parte do governador. Tarcísio tem intensificado a presença na agenda de campanha de Nunes.

Há dúvidas sobre as vantagens políticas que podem vir com a presença. Uma pessoa próxima ao Nunes afirma que quem é de direita e vota nele já se decidiu. Diante disso, a ida pode servir apenas para o prefeito perder possível apoio de centristas, em caso de pedidos de impeachment de Alexandre de Moraes e outras falas radicais.

Eleição de Nunes pode ser decisiva para governador. Vitória do atual prefeito é importante para que a transferência do Centro Administrativo e outras ações do interesse de Tarcísio não sejam atrapalhadas. O governador teria, inclusive, negado uma proposta de armistício feita por Marçal.

Interlocutores apostam na relação pessoal e profissional com Tarcísio. A campanha afirma que oscilação para cima do candidato na última pesquisa do Datafolha não tem relação com o apoio de Bolsonaro e, sim, com a exposição das políticas da administração municipal em parceria com o governo estadual.

Campanha relata impaciência com "postura política" de Jair Bolsonaro. O UOL apurou com interlocutores de Nunes que a troca entre o prefeito e o ex-presidente tem sido difícil. Segundo aliados de Nunes, há uma expectativa que, após o ato do 7 de Setembro, Bolsonaro entre "de cabeça" na campanha.

Risco de clima hostil para Nunes

Bolsonaristas que participarão do ato acreditam que haverá um clima hostil à presença de Nunes. Para parlamentares ouvidos pelo UOL, o prefeito não teria "legitimidade" para discursar para públicos de direita. Algumas lideranças afirmam que o candidato pode até ser vaiado pelos manifestantes.

Divisão do palanque com lideranças bolsonaristas pode gerar constrangimento a Nunes. Entre os participantes, um grupo de 60 deputados e 12 senadores estava confirmado até sexta-feira à noite, segundo o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Entre os nomes estão Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que devem discursar.

O candidato do PRTB à prefeitura Pablo Marçal não deve ir ao ato. Ele está em El Salvador. Já a candidata Marina Helena (Novo) confirmou a presença no ato. Para lideranças bolsonaristas, Marçal não teria vantagens políticas ao participar da manifestação, uma vez que já teria conquistado apoio de uma parcela deste eleitorado.

Discurso duro e incisivo em ato

O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação prevista para as 14h deste sábado (7), diz que fará seu discurso "mais duro e incisivo". "A força da fala vai ser o impeachment de Alexandre de Moraes", afirma. Ele é aliado de Bolsonaro e foi responsável pela coordenação de outras manifestações bolsonaristas.

Se em 2023 os atos tiveram pouca participação, os bolsonaristas agora esperam "lotar a Paulista", assim como fizeram em fevereiro passado. O coro ganha mais força, segundo eles, com as reportagens da Folha de S.Paulo que mostraram que Moraes usou a estrutura do TSE para abastecer inquéritos no STF que estão com ele. A decisão do ministro em suspender o X (ex-Twitter) reforçou o apelo para que bolsonaristas participem do ato contra Moraes.

O pedido de impeachment que deve ser apresentado por senadores da oposição cita o X seis vezes. Há uma citação ampla mencionando perfis em redes sociais. Os demais tratam do bloqueio das contas do Starlink, multas a quem usar a VPN para acessar a rede social e o fechamento do X.

Moraes será chamado de "assassino da Constituição" no segundo trio que estará na Paulista. O veículo ficará em frente ao Conjunto Nacional e será levado pelo Movimento Fora Moraes, coordenado pelo ex-comentarista da Jovem Pan e professor de direito Marco Antônio Costa.

Os bonecos de Moraes e Pacheco serão colocados próximo desse trio. Eles levarão frases como "Fora Moraes" e sobre "omissão" e "covardia" do presidente do Senado. A tática do boneco gigante foi usada pela direita no movimento de impeachment de Dilma Rousseff (PT). O boneco pixuleco, termo usado como sinônimo de propina, era uma representação de Lula.

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