Boulos chama Venezuela de ditadura e cobra Nunes sobre Bolsonaro e o 8/1
O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) disse que a Venezuela vive um regime ditatorial. É a primeira vez que o psolista fala de forma mais enfática sobre a situação do país.
O que aconteceu
O candidato de esquerda já havia criticado as eleições venezuelanas, mas sem chamar o regime de Nicolás Maduro de ditadura. Questionado nesta quinta-feira (26) se o país vivia uma ditadura, ele afirmou "lógico, é um regime ditatorial". "Um regime que persegue opositor, um regime que faz eleição sem transparência, pra mim, não é democrático e ponto", disse o psolista. A declaração foi feita durante entrevista ao SP1, da TV Globo.
Maduro não divulgou as atas das seções eleitorais, que comprovariam sua suposta vitória. A oposição questiona a legitimidade do resultado e cobra transparência no processo. Estados Unidos e União Europeia, por exemplo, não reconhecem a vitória de Maduro. O governo brasileiro ainda tenta mediar uma negociação.
Relacionadas
Boulos também criticou adversários por se preocuparem com a democracia no país vizinho, mas não terem a mesma visão com o Brasil. "Quando o Bolsonaro ficou ameaçando a urna eletrônica, tentou dar golpe no dia 8 de janeiro, o Ricardo Nunes disse que foi só uma manifestaçãozinha, que não foi golpe", disse o candidato do PSOL.
A fala é em referência à declaração do atual prefeito durante sabatina UOL/Folha. Nunes disse está "muito distante de a gente poder dizer que aquelas pessoas tinham uma intenção de dar um golpe de Estado".
Os ataques do 8/1 às sedes dos Três Poderes causaram um prejuízo aos cofres públicos de ao menos R$ 20 milhões. A invasão foi um movimento golpista que não aceitou a derrota nas urnas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o presidente Lula (PT), de acordo com investigações da Polícia Federal. Os manifestantes invadiram e destruíram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF.
O Supremo já condenou 216 pessoas pelos ataques golpistas na capital federal. Essas condenações são resultantes das 1.390 denúncias enviadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) à Corte.
Greve de ônibus e propostas
Se eleito, Boulos disse que, em sua gestão, não terá paralisação de setores públicos. "Tem greve quando não tem negociação. E eu vou negociar com todas as categorias, inclusive no caso do transporte", afirmou.
O candidato também apresentou suas propostas para saúde, educação e trabalho na cidade. Ele voltou a prometer que vai zerar a fila de exames, caso seja eleito.
Boulos também afirmou que, em um eventual governo, São Paulo terá o menor número de ocupações de prédios. "As ocupações acontecem quando não tem política de moradia", disse. O candidato citou também o plano de regularização fundiária.