Dono de clínica que assina laudo forjado foi condenado por documento falso
Do UOL, em São Paulo
05/10/2024 10h48Atualizada em 05/10/2024 19h17
O médico Luiz Teixeira da Silva Júnior, dono da clínica que assinou o laudo forjado postado por Pablo Marçal (PRTB) para tentar associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas, já foi condenado a 2 anos e 4 meses de prisão em regime semiaberto por apresentar documentos falsos ao Cremers (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul).
O que aconteceu
Documentação falsa foi apresentada pelo médico ao Cremers para obter o registro profissional, diz denúncia do MPF. Os documentos forjados foram entregues ao conselho em 2015, supostamente emitidos pela Fundação Educacional Serra dos Órgãos.
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A denúncia, recebida dois anos depois, fundamentou a condenação na Justiça ocorrida em 2020. Luiz Teixeira da Silva Júnior foi condenado a 2 anos e 5 meses de prisão, posteriormente substituída por uma pena restritiva de direitos.
Luiz Teixeira da Silva Júnior respondeu pelos crimes de falsificação de documento público e uso de documento falso. A Clinica MaisConsulta faz parte da TMTK, holding administrada pelo médico responsável pelo laudo forjado apresentado por Marçal. As atividades da clínica não preveem pronto-socorro e "unidades para atendimento a urgências".
Luiz Teixeira se apresenta nas redes sociais como "patologista clínico, perito judicial". O médico tem fotos com Marçal e sua esposa, Carol Marçal, que fez aplicação de botox em maio deste ano. Também há em seu perfil publicações com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
O médico já foi preso em 2019 suspeito de desviar R$ 20 milhões em recursos públicos. Segundo as investigações da Polícia Civil, ele seria um dos integrantes de uma quadrilha que usou verba de cidades paulistas na compra da operadora de planos de saúde Medical Rio, sediada em Niterói, região metropolitana da capital fluminense.
Esse crime teria ocorrido durante a fuga de outra investigação. Em 2017, ele chegou a ter a prisão decretada por supostamente desviar R$ 1,8 milhão com a ajuda da mulher, Liliane Bernardo Rios da Silva, que foi presa. O médico, no entanto, fugiu. Foi nesse período que teria participado do esquema no. Sobre o processo em Cajamar, acabou absolvido pela maioria das acusações após o processo ter sido assumido por outro juiz, mas ele acabou condenado por falsificação de documentos.
Procurado, o médico atendeu ao telefonema da reportagem, mas desligou. O espaço segue aberto para posicionamento.
O que se sabe sobre o caso
Boulos pediu a prisão de Marçal por divulgar nesta sexta (4) um prontuário médico falso que aponta surto psicótico grave e uso de cocaína do deputado. Marçal publicou um prontuário médico em suas redes enquanto participava de um podcast. O UOL confirmou que o número do RG do candidato está errado.
O documento tem erros de digitação, erro nas informações do documento e é assinado por um médico já falecido. José Roberto de Souza está com o registro no CRM-SP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) inativo desde 2022. No site do órgão, a situação do profissional aparece como "falecido". A assinatura do documento forjado é diferente da que aparece em um documento judicial de 2019.
Boulos disse que adversário "não tem limite" e que o documento é falso. Em vídeo ao vivo nas redes, ele também pediu a prisão do administrador da clínica em que Marçal diz que ele foi atendido em 2021. "O dono da clínica tem um vídeo com o Pablo Marçal, é apoiador dele, e nós vamos publicar aqui no meu Instagram esse vídeo assim que eu terminar a live", afirmou.
Cerca de duas horas depois da publicação de Marçal, o ex-coach disse que o Instagram removeu o post. "Parabéns pela democracia de esquerda", disse o candidato.
Marçal associa Boulos, sem apresentar provas, ao uso de cocaína desde o início da campanha. Ele já foi condenado pela Justiça Eleitoral a apagar publicações sobre o assunto nas redes sociais. No debate da TV Globo, o psolista apresentou um exame toxicológico feito no dia 2 de outubro.