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Lula admite presença tímida na eleição e diz: 'SP é lulismo x bolsonarismo'

Lula participa da ato de Boulos Imagem: NELSON ALMEIDA / AFP

Do UOL, em Brasília

11/10/2024 10h18

O presidente Lula (PT) admitiu que teve participação tímida no primeiro turno das eleições e que focou em São Paulo porque "é uma briga entre lulismo e bolsonarismo".

O que aconteceu

Ausência nas eleições foi para não atrapalhar a relação do governo com o Congresso, justificou Lula. "Eu falei: 'Bom, não vou comprar uma briga em uma cidade e depois, quando chegar no Congresso Nacional eu tenho o pessoal virando adversário'. Então, eu tomei uma atitude, o partido sabe disso, todo mundo sabe que era para ser isso mesmo", declarou, em entrevista à rádio CBN de Fortaleza.

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Oficialmente, o Planalto falava em agenda. Mas, como o UOL mostrou, já havia um receio por parte do presidente de que as tensões eleitorais criassem problema com a já frágil base do governo. A pessoas próximas, ele dizia que sua prioridade teria de ser o Planalto —ou seja, quanto menos rusgas criasse, melhor. Agora, com candidatos de partidos mais próximos concorrendo contra bolsonaristas, sua tarefa fica mais fácil.

"Fui duas vezes a São Paulo porque lá é uma briga que está estabelecida entre lulismo e bolsonarismo", disse Lula. Na verdade, ele foi três vezes à capital paulista para quatro eventos, incluindo a última caminhada pré-eleição, no sábado (5). Para o segundo turno, o presidente recebeu Boulos no Palácio da Alvorada na tarde de ontem (10).

No primeiro turno, o presidente foi apenas a três cidades. São Paulo foi a principal delas. Agora, o objetivo é que o presidente dê pelo menos uma passada nas capitais em que o PT e aliados estão na disputa, em especial se for contra um candidato de Bolsonaro.

Segundo Lula, o objetivo da visita de Boulos ontem foi evitar a confusão de números nas urnas. "Tivemos um problema no primeiro turno que é difícil você convencer um petista que estava habituado a votar no 13 a votar 50, a votar [em] outro número. Eu, inclusive, gravei para o Boulos dizendo quem está habituado a votar no 13 tem que votar agora no 50 na cidade de São Paulo", disse Lula.

Esse já era um receio da campanha do psolista. Como o UOL mostrou, assessores já estimavam que podia haver uma troca entre legendas, por associar o deputado ao PT por causa do presidente. Apesar dos reveses, Lula tenta se mostrar otimista.

Boulos está atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Segundo o Datafolha, o prefeito, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem 55% das intenções de voto contra 33% do opositor.

Ajuda a Evandro em Fortaleza

Não é coincidência que Lula esteja em Fortaleza. Oficialmente, ele participa hoje de dois eventos institucionais, mas, à noite, irá a um ato do candidato Evandro Leitão (PT), que disputa o segundo turno contra o deputado bolsonarista André Fernandes (PL).

A capital cearense é a maior cidade em que o PT lançou candidato. Lula participou do lançamento da candidatura de Leitão, única a ele ir fora de São Paulo, e se tornou um norte para o partido sobre as eleições deste ano. Se retomar uma capital tão relevante, a situação é atenuada. Se perder para o bolsonarista André Fernandes (PL), o pleito de 2024 pode ser considerado um desastre para o PT.

Lula avaliou derrotas

Lula afirmou que o primeiro turno não foi nada bom para o PT e a esquerda. Depois de duas eleições seguidas de derrocada, o PT cresceu nas disputas municipais deste ano, com vitórias em 248 municípios e presença em 13 segundos turnos, mas sofreu derrotas relevantes e inesperadas .

Temos que rediscutir o papel do PT. Hoje, 80% dos prefeitos foram eleitos em cinco estados, todos do Nordeste. Tivemos boa participação no Rio Grande do Sul e, em Minas Gerais, ganhamos as duas que já governamos, mas não fomos bem em São Paulo. Perdemos São Bernardo do Campo, Santo André, perdemos inclusive Araraquara, onde tínhamos certeza que íamos ganhar. Em Teresina, todo mundo dava como certa a eleição do candidato do PT [Fábio Novo].
Lula, sobre eleições

Em Teresina, o partido viu sua maior decepção no primeiro turno. A aliança do governador Rafael Fonteles (PT) e do ministro Wellington Dias (PT) tinha certeza de que emplacaria o deputado estadual Fábio Novo (PT), com apoio de Lula, no segundo turno, mas acabou derrotado já no domingo, com 43% dos votos. O ex-prefeito Silvio Mendes (União) foi eleito, com 52%.

Só do PT, são 13 segundos turnos, incluindo quatro capitais. Além de Fortaleza, o partido disputa em Natal, com a deputada Natália Bonavides (PT-RN); em Cuiabá, com o deputado estadual Lúdio Cabral (PT-MT); e em Porto Alegre, com a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Está prevista uma visita do presidente na capital gaúcha na semana que vem para reinaugurar o Aeroporto Salgado Filho.

Maior participação no segundo turno

Lula vai aumentar a participação no segundo turno, em eventos de campanha ou institucionais. A avaliação do governo é que, mesmo que não vá a eventos eleitorais propriamente ditos, só a presença do presidente já reforça as chapas interessadas, em especial em cidades onde ele venceu em 2022, como Fortaleza e Natal.

Ainda hoje, vai para Belém, onde participa do Círio de Nazaré no sábado (12). Ele participaria ainda de um evento ligado à COP30, realizada na capital paraense em 2025, no fim da tarde de sexta, mas foi cancelado.

No segundo turno, ele vai apoiar o candidato do governador Helder Barbalho (MDB) em Belém. Próximo ao governo, Barbalho lançou o deputado estadual Igor Normando (MDB-PA) contra o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), apoiado pelo PT, que acabou em terceiro. Ele vai para o segundo turno contra o também bolsonarista Delegado Élder Mauro (PL-PA).

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