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Boulos diz que esquerda deixou de dialogar com trabalhadores que empreendem

Do UOL, em São Pauo

17/10/2024 11h49Atualizada em 17/10/2024 13h14

O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, afirmou que a esquerda deixou de dialogar com trabalhadores que empreendem. O diagnóstico foi feito pelo deputado federal durante sabatina realizada pelo UOL/Folha/Rede TV!, nesta quinta-feira (17).

O que aconteceu

Boulos afirmou que eleição municipal "acendeu um alerta". Ele disse que a votação do candidato Pablo Marçal (PRTB) provocou uma reflexão sobre a necessidade de a esquerda dialogar com grupos que desejam prosperidade individual. A colunista do UOL Thaís Bilenky questionou o candidato sobre "por que essa intenção [de diálogo] só vem na hora de pedir voto".

Candidato disse que ele e sua equipe tiveram "compreensão e humildade" para fazer autocrítica de que o "campo que representa" não dialogou com com setor importante. "Muitas vezes, o meu campo político, o campo de esquerda, o campo progressista — pela missão ética que nós temos, que é o que faz a gente estar na política, combater a pobreza, as desigualdades — quer garantir que ninguém passe fome, que ninguém more na rua, minha luta a vida toda foi essa no Movimento Sem Teto. A gente acaba focando numa parcela dos trabalhadores mais pobres."

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Boulos disse que a esquerda deixou de falar com uma parcela dos trabalhadores que buscou "sua prosperidade de outra forma". O candidato destacou que esse grupo de trabalhadores buscou formas próprias de fazer negócio, seja por meio do MEI, seja por meio de transportes de aplicativos, em salões de cabeleireiro ou oficinas mecânicas.

O deputado disse ainda que na ausência desse diálogo, a extrema direita avançou. "Isso aconteceu agora, esse reconhecimento está acontecendo agora, porque a dimensão desse fenômeno aqui na cidade de São Paulo ficou clara agora."

Questionado sobre um projeto de lei para trabalhadores de aplicativos que o governo federal tentou aprovar, Boulos disse que é preciso "oferecer alternativas a essas pessoas. "O governo que nasceu num berço sindical, que conversa, que dialoga muito bem com uma força trabalhadora organizada, sindicalizada, mas que mudou. O campo progressista, você tem razão, nasce de uma classe trabalhadora organizada, da indústria, do emprego formal, com carteira assinada, que hoje não é realidade única da classe trabalhadora. Acho que é dever nosso dialogar e oferecer alternativa com essas pessoas", afirmou.

Boulos citou ainda propostas da campanha para trabalhadores de aplicativos. O candidato indicou a liberação do rodízio na cidade de São Paulo para motoristas de aplicativo e a liberação de publicidade na lateral da porta ou no vidro de trás no veículo de taxistas.

Debate estava previsto, mas virou sabatina com a ausência de Ricardo Nunes (MDB). Isso havia sido estabelecido nas regras assinadas pelos representantes das duas campanhas.

Prefeito argumentou que foi chamado para reunião com governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo a assessoria do emedebista, o encontro discute medidas sobre temporal previsto para o estado no final de semana.

Esquerda nas periferias

Questionado sobre declaração do filósofo Vladimir Safatle ao UOL, de que a esquerda "não tem o que dizer à periferia", Boulos citou bairros periféricos que lhe deram a vitória no primeiro turno. "Eu fui o mais votado e ganhei eleição na cidade Tiradentes, em Guaianases, no Itaim Paulista, no Campo Limpo, onde eu moro, no Capão Redondo, no Valo Velho, na M'Boi Mirim, em Perus", detalhou. No segundo turno a gente ganha a eleição porque a periferia de São Paulo sabe o que está sofrendo com uma cidade sem prefeito", acrescentou o deputado.

Safatle afirmou que quem pauta o debate hoje é a extrema-direita e que "resta à esquerda" se articular em frentes-amplas para barrar a ascensão da extrema direita. "A extrema direita diz: 'Agora é cada um por si.' E isso tem um nome, que é empreendedorismo. O problema é que a esquerda integrou o discurso do empreendedorismo, e isso é uma lógica suicida. Porque se esse é o jogo, se essa é a gramática, a esquerda não tem nada para oferecer."

O PT elegeu 248 prefeitos — o dado do TSE aponta um aumento em relação às eleições de 2020 e 2016, mas uma diminuição em comparação com 2012, quando a sigla conquistou 629 prefeituras. "Essa eleição foi um alerta vermelho mais forte para o PT. Se as coisas continuarem como estão, a extrema direita volta ao poder em 2026, com certeza. A extrema direita tem uma lista de candidatos que têm possibilidades eleitorais. Essa eleição mostrou que o governo federal ainda não tem pautas robustas que poderiam mostrar uma mudança estrutural na vida das pessoas", afirmou o filósofo, professor da USP.

Participam desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Caíque Alencar, Fabíola Perez, Rafael Neves, Romulo Santana, Silchya Rodrigues e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL, em São Paulo.

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