Carla Araújo: esquerda não pode mais adiar busca de novas lideranças

O resultado das eleições municipais em São Paulo, em que o candidato do presidente Lula (PT) Guilherme Boulos (PSOL) saiu derrotado para o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) apesar de todo o investimento feito na candidatura, demonstra que a esquerda precisa discutir imediatamente a busca por novas lideranças, afirmou a chefe da sucursal do UOL em Brasília, Carla Araújo, durante o UOL News.

Dono da campanha mais cara da disputa municipal em todo o Brasil, Boulos perdeu as eleições na capital paulista pela segunda vez seguida. Com dificuldades de afastar o estigma de radical — explorado pelos rivais —, o psolista não conseguiu furar a bolha de esquerda para atrair mais votos e esbarrou em uma alta rejeição Com 100% das urnas apuradas, Nunes teve 59,35% contra 40,65% de Boulos.

A colunista do UOL avalia que, politicamente, o resultado é ruim para o psolista e para o campo progressista.

Ele praticamente sair do mesmo tamanho do que saiu da eleição passada é realmente muito ruim. Essa eleição é um marco para a esquerda no sentido de que não dá mais para adiar a busca de novas lideranças. A gente tem uma carência de lideranças da esquerda, enquanto a gente vê o racha na direita com esses caciques

Na direita, há lideranças jovens, como esse André Fernandes, que é das alas mais radicais, e o Nikolas Ferreira, um puxador de votos. A direita já tem novas sementes de liderança, enquanto a esquerda não tem, e o Boulos que poderia ser essa figura de alguma forma, dependendo do desempenho nessas eleições.

O PT está tendo essas derrotas, e entra daqui a pouco em um processo de mudança da sua liderança: deve sair a presidente Gleisi Hoffmann e, ao que tudo indica, o prefeito Edinho Silva, que foi ministro da Dilma [Rousseff] e que é muito próximo ao presidente Lula, está costurando para assumir o partido para tentar justamente fazer essa renovação, tão necessária na esquerda como a gente vê aí pelo resultado.
Carla Araújo

Pimentel derrota Graeml em vitória da máquina de Ratinho Jr

A vitória de Eduardo Pimentel (PSD) sobre Cristina Graeml (PMB) para a Prefeitura de Curitiba mostra, para Carla Araújo, a vitória da máquina pública movida pelo governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), em apoio ao seu candidato.

O Bolsonaro se irritou com o Eduardo Pimentel, que em um determinado momento da campanha tentou esconder um pouco o Bolsonaro e ficou ali mais na cola do Ratinho Jr. O Valdemar Costa Neto teve que atuar porque o vice do Eduardo Pimentel é do PL.

Ou seja, é uma eleição em que vence a máquina e que evidencia esse racha, essas fissuras na direita que vai ter que ser arrumado --nem se compara claro, ao divã que a esquerda vai ter que ir.
Carla Araújo

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Reinaldo: BH vê derrota de Bolsonaro em campanha que mergulhou no lixo

A reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), contra Bruno Engler (PL) após uma campanha acirrada marcou, para o colunista Reinaldo Azevedo, mais uma derrota do bolsonarismo após a campanha "mergulhar no lixo".

Houve uma virada, e aí os progressistas e os anti-bolsonaristas se juntaram e deram a vitória ao prefeito. É uma derrota do Bolsonaro, e, importante, mais uma vitória do Kassab, que já tinha conseguido eleger três [prefeitos] em capitais no primeiro turno e agora elegeu em mais duas, em Curitiba também.

Então, é uma derrota de Bolsonaro, e, considerando os dois que foram para o segundo turno, uma vitória da maior civilidade política diante da truculência mais absurda que foi a campanha do tal do Bruno Engler, que mergulhou no lixo.
Reinaldo Azevedo

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Josias: Com alta rejeição, derrota de Boulos é maior que a de 2020

A derrota de Guilherme Boulos (PSOL) para Ricardo Nunes (MDB) nas eleições de São Paulo foi maior que a sofrida por Boulos para Bruno Covas (PSDB) em 2020, avaliou o colunista Josias de Souza.

A vitória do Ricardo Nunes é uma derrota muito expressiva para o Guilherme Boulos, porque o Lula venceu o Bolsonaro na cidade de São Paulo em 2022, e Fernando Haddad venceu o Tarcísio de Freitas na cidade de São Paulo em 2022. A despeito disso, o Boulos não conseguiu ficar maior do que o tamanho que ele tinha quando disputou a Prefeitura há quatro anos.

Desde que se inaugurou a fase do segundo turno, o Guilherme Boulos, estava com uma rejeição de 58%. Quase seis em cada dez paulistanos estavam dizendo que jamais votariam nele. Ele conseguiu atenuar essa rejeição, chegou ao final da eleição com uma rejeição menor, mas não conseguiu desfazer uma visão de radicalismo.
Josias de Souza

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