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OPINIÃO

Matais: fala de Tarcísio é crime eleitoral, e TSE precisa se manifestar

Colaboração para o UOL

27/10/2024 14h59

A declaração sem provas do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre uma suposta orientação do PCC para o voto no candidato Guilherme Boulos (PSOL) pode ser considerada um crime eleitoral e precisa de uma resposta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou a colunista Andreza Matais no UOL News deste domingo (27).

Tarcísio citou um suposto "trabalho grande de inteligência" antes de citar o nome de Boulos. O candidato do PSOL disse que vai acionar a Justiça, classificou a declaração como "criminosa" e afirmou que o governador cria "uma grave fake news em pleno domingo de eleições".

É gravíssima essa fala do governador de São Paulo. Ele está utilizando do cargo de governador para fazer essa declaração que, na minha avaliação, é um crime eleitoral, ao lado do prefeito de São Paulo, que disputa a reeleição, no meio do processo de votação.

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É algo que tem sido feito, já não é de hoje, se tentar fazer essa correlação desses grupos criminosos com a esquerda, e que seria a mesma coisa de você associar a milícia à direita.

Eu gostaria de ouvir e, mais uma vez, eu vou cobrar aqui da presidente do TSE, a ministra Carmen Lúcia, que se manifeste nesse momento.
Andreza Matais

Kotscho: Com acusações falsas, Bolsonaro e Tarcísio mostram que são iguais

No programa, o comentarista do UOL News Ricardo Kotscho relacionou a declaração de Tarcísio a uma falsa teoria, repetida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) hoje em Goiânia, de que o Lula (PT) não sofreu um acidente doméstico que o impediu de viajar à Rússia.

Para Kotscho, isso demonstra que Tarcísio e Bolsonaro estão do mesmo lado radicalizado do uso de notícias falsas para propósitos político-eleitorais. Kotscho também cobrou a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, para que se manifeste.

Isso não pode demorar mais nenhum instante, tem que imediatamente ter uma providência do TSE. É o fato mais grave que aconteceu nessa campanha até agora. (...) É inexplicável, irresponsável.

Em Goiânia, hoje de manhã, o Bolsonaro, além de esculhambar com o ministro do STF Alexandre de Moraes, colocou em dúvida o acidente doméstico de Lula, que impediu a viagem dele para a reunião dos BRICS.

Assim como o Tarcísio, ele também não apresentou prova nenhuma, disse que recebeu no celular de alguma 'tia do zap' que mandou isso aí, e bota como se fosse um fato. Eles são iguais, não tem essa de moderado e radical. Eles são iguais.
Ricardo Kotscho

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Maierovitch: Tarcísio comete abuso de poder e se arrisca à inelegibilidade

Para o colunista Wálter Maierovitch, as declarações de Tarcísio de Freitas podem levar o governador a responder a um processo de abuso de poder político.

O jurista explica que Tarcísio rompeu com o "silêncio eleitoral", estabelecido por lei, em que nada pode perturbar a liberdade do eleitor em escolher seu candidato nas urnas. Se Tarcísio tivesse provas da indicação de votos da associação criminosa, ele deveria ter apontado isso à Justiça, e não o trazido a tona no dia das eleições, explicou Maierovitch.

Essa ação proposta pelo partido do Boulos é dirigida exatamente ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral. O que ele faz? Ele inicia um processo investigatório. Essa ação se chama Ação de Investigação Judicial Eleitoral. [...] Neste caso, trata-se de um abuso de poder político --está muito claro: abuso de poder político. Ele se manifestou quando deveria comunicar e silenciar. O corregedor faz toda a apuração, garante a ampla defesa e elabora um voto que submete ao tribunal, que decide pela procedência ou improcedência dessa ação. Se for procedente, poderá resultar em inelegibilidade.
Wálter Maierovitch

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