Dono de produtora de funk grava voto em Nunes; prática é proibida
Do UOL, em São Paulo
27/10/2024 21h32
O empresário Rodrigo Oliveira, dono da produtora de funk GR6 Explode, publicou um vídeo no Instagram do momento em que votou no prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Filmar o voto é proibido por lei.
O que aconteceu
Registro foi apagado, mas repercutiu nas redes sociais. No vídeo, Oliveira defendia Nunes. "Aqui ó, 15. O que é melhor para São Paulo", disse o empresário, conhecido como Rodrigo GR6. É possível ver a cabine de votação e a urna enquanto ele registra o voto no prefeito da capital paulista.
O UOL entrou em contato com o empresário por meio de sua assessoria, mas não teve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.
Empresário é apoiador de Ricardo Nunes. Oliveira fez campanha para o político, em apoio que gerou "racha" na cena do funk em São Paulo (leia mais abaixo). Ele comemorou a reeleição do prefeito nas redes sociais. "Ganhou o cara que é gente da gente, um ser humano incrível", escreveu após o resultado do pleito.
TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) disse não localizar ação sobre o caso. Em nota enviada ao UOL, o órgão afirmou que nada foi registrado até o momento na zona de votação do empresário.
Em consulta ao sistema de Processo Judicial Eletrônico, não localizamos nenhuma ação sobre o caso até o momento na 254ª Zona Eleitoral. O Tribunal é um órgão do Poder Judiciário que age mediante provocação. Os legitimados para propor ação são o Ministério Público Eleitoral, candidatos, partidos políticos, coligações e federações. O TRE-SP não se manifesta sobre casos concretos que possa vir a julgar. Qualquer pessoa pode fazer denúncias pelo aplicativo Pardal, ao juízo da zona eleitoral ou ao Ministério Público.
Nota do TRE-SP enviada ao UOL
Empresário tem parceria com a prefeitura
Oliveira fechou em fevereiro uma parceria com a Prefeitura de São Paulo para a reforma de quadras esportivas. Artistas agenciados por ele participaram da inauguração das 40 quadras, em comemoração aos 40 milhões de seguidores do perfil da produtora. À época, foto publicada no Instagram da empresa gerou críticas à atitude e à gestão Nunes.
Apoio de empresários do funk a Nunes e Pablo Marçal (PRTB) causou polêmica nas eleições deste ano. Artistas, inclusive alguns contratados da GR6 e da Love Funk, repudiaram os apoios. As manifestações renderam críticas aos empresários por trás das produtoras e inflaram um debate sobre as preferências políticas de jovens moradores de comunidades.
Uso de celular na cabine de votação é proibido
Violar sigilo do voto é crime eleitoral. Determinação é prevista pelo artigo 312 da Lei nº 4.737/1965 e pode levar à prisão de até dois anos.
Levar celular à cabine é proibido desde 2022. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entendeu que eleitores podiam ser coagidos a gravar o voto em determinado candidato escolhido por milícias.