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Rebeldes maoístas são suspeitos por choque de trens na Índia que matou 71

O acidente aconteceu quando o trem fazia o trajeto entre Calcutá e Mumbai; <b>veja mais fotos</b> - Bikas Das/AP
O acidente aconteceu quando o trem fazia o trajeto entre Calcutá e Mumbai; <b>veja mais fotos</b> Imagem: Bikas Das/AP

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

28/05/2010 09h02

As autoridades locais suspeitam que o descarrilamento de um trem e o consequente choque com outra composição na manhã desta sexta-feira (28), que deixou pelo menos 71 mortos, tenha sido uma sabotagem praticada por rebeldes maoístas. O choque ocorreu em West Midnapore, distrito do Estado de West Bengal, a 135 quilômetros de Calcutá, região leste do país.

Veja imagens do local do acidente

  • Vídeo com áudio original em inglês

Um grupo apoiado por insurgentes maoístas teria reivindicado a autoria da sabotagem. A organização chamada Comitê Popular contra Atrocidades da Polícia (PCPA - People"s Committee against Police Atrocities, em inglês), disse ser a responsável pelo acidente, informou a emissora de televisão local, NDTV. No entanto, um porta-voz do grupo, Asit Mahato, negou participação no ato, segundo a agência de notícias Press Trust of India. "Nós não estamos envolvidos. Este não é um ato nosso", disse ao PTI por telefone.

Embora uma fonte ferroviária tenha afirmado em um primeiro momento que o descarrilamento foi precedido por uma explosão, os oficiais de ferrovias suspeitam que o acidente tenha sido causado na realidade por uma sabotagem das vias por parte de guerrilha maoísta que atua na região.

O ministro do Interior, Palaniappan Chidambaram, disse em nota que os trilhos no trecho do acidente foram cortados, mas "ainda não era claro se foram usados explosivos".

Um policial na região afirmou que pôsteres do Comitê Popular contra Atrocidades da Polícia foram encontrados na região do acidente. Questionado sobre a presença desse material, Mahato disse: "O que podemos fazer se alguém clama responsabilidade em nosso nome?"

Segundo o último balanço oficial, o número de mortos subiu para 71. O dado anterior era de 65 mortos. "O número de mortos subiu para 71 e pode aumentar", disse Saumitra Majumdar, um porta-voz da rede ferroviária indiana.

Saiba onde ocorreu o acidente

O número de mortos ainda é parcial e, segundo o secretário estadual de Interiores, Samar Ghosh, o total de vítimas pode subir ainda mais, já que os trabalhos de resgate ainda não terminaram e pelo menos 200 outras pessoas apresentam ferimentos entre graves e leves.

O acidente aconteceu à 1h30 desta sexta-feira pelo horário local (17h de quinta em Brasília), quando a locomotiva, que fazia o trajeto entre Calcutá e Mumbai, e outros treze vagões do trem descarrilaram.

Resgate e ajuda financeira
Segundo relatos da mídia local, muitos passageiros ainda estão presos em alguns vagões cujo acesso pelas equipes de resgate eram dificultados pela falta de material, como serras elétricas ou marretas.

Imagens da TV mostravam vagões contorcidos, corpos sendo retirados do local e helicópteros da Força Aérea pousando perto dos trilhos para transportar os feridos para hospitais.

Enquanto as equipes de ajuda tentavam resgatar as pessoas presas nos vagões, os feridos eram transferidos para o hospital de Kharagpur, segundo fontes ferroviárias.

A ministra de Ferrovias, Mamata Banerjee, que visitou o local do acidente, anunciou uma ajuda econômica de 500 mil rúpias (cerca de US$ 10.750) para as famílias de cada um dos mortos, e uma indenização de 100 mil rúpias para os feridos.

Caixa preta do avião da Air Índia é descoberta após acidente na semana passada

Rebeldes
Bengala é um dos estados indianos com mais presença da guerrilha maoísta, que luta para impor no país uma revolução marxista de corte agrário e realiza constantes atentados no país.

Os rebeldes maoístas da região vêm intensificando seus ataques nos últimos meses, em resposta a uma ofensiva do governo para expulsá-los de suas bases nas selvas.

Eles já realizaram ataques a bases da polícia, a prédios do governo e a estações de trem. No início do mês, um ataque da guerrilha explodiu um ônibus no Estado de Chhattisgarh, provocando a morte de 35 pessoas.

O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, descreveu as ações da guerrilha como a maior ameaça interna de segurança do país.

* Com as agências internacionais