BP estuda suspender o pagamento de dividendos aos acionistas
![Trabalhadores tentam remover o óleo na praia de Grand Terre, na Louisiana; <b>VEJA MAIS</b> - Jose Luis Magana/Reuters](https://n.i.uol.com.br/noticia/2010/06/10/trabalhadores-tentam-remover-o-oleo-na-praia-de-grand-terre-em-barataria-bay-island-na-louisiana-1276201913753_615x300.jpg)
A petroleira britânica BP (British Petroleum), responsável pelo vazamento de petróleo que contamina o golfo do México, disse que está avaliando suspender ou adiar o pagamento de dividendos a seus acionistas, em meio à crescente revolta dos americanos pela forma com que está atuando ante o maior desastre ecológico da história dos Estados Unidos.
"Estamos considerando todas as opções em relação aos dividendos. Mas ainda não tomamos uma decisão", afirmou o presidente da BP, Tony Hayward, em uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal "Wall Street Journal".
A junta de diretores da BP poderá decidir suspender ou adiar o pagamento de dividendos do segundo trimestre - cujos resultados são esperados para 27 de julho - ou, inclusive, realizar os pagamentos em forma de crédito provisório, segundo o jornal.
Desde o acidente com a plataforma "Deepwater Horizon" as ações da BP caíram mais de 40%, o que representa a desvalorização de cerca de US$ 73 bilhões no valor de mercado da empresa.
Por esse motivo, os investidores processam a companhia petrolífera por tê-los induzido ao erro sobre as medidas de segurança das que dispunham em suas operações no Golfo do México antes de ocorrer o vazamento de petróleo.
Segundo a BP, os esforços para conter o vazamento de óleo já custaram US$ 1,43 bilhão. O valor inclui os custos com contenção de vazamento, as subvenções aos Estados atingidos, além do pagamento de reclamações e custos federais aos Estados Unidos.
Acaba hoje o prazo para a BP apresentar um plano detalhado com medidas para acabar com o vazamento. O ultimato foi dado pelo governo norte-americano através de um comunicado do Departamento de Segurança Nacional, divulgado na quarta-feira.
O acidente é o pior vazamento de petróleo na história dos EUA, superando o acidente de 1989 com o navio Exxon Valdez no Alasca. Os milhões de litros de óleo já derramados estão causando graves prejuízos ambientais e econômicos.
Lei americana impede trabalho de voluntários
O trabalho de limpeza e remoção do óleo é realizado e autorizado somente por pessoas contratadas pela própria BP. Segundo Leonardo Viana, integrante da ONG norte-americana Ocean Conservancy, o trabalho volutário não é permitido pela lei americana em casos de derramamento de óleo.
“Embora as muitos voluntários queiram ajudar, isso não é permitido pela lei. A responsável pelo desastre (BP) é quem contrata, treina e paga pessoas para fazerem esse trabalho”, afirmou. Segundo Viana, a única forma das ONGs e de voluntários participarem do processo de limpeza é na realização de um trabalho “pré-chegada do óleo nas praias”.
“Nós recrutamos voluntários e limpamos o lixo das praias que ainda podem ser atingidas pelo óleo. Com a remoção de plásticos, garrafas pet e outros tipos de objetos, nós evitamos que os materiais se tornem lixo tóxico com a chegada do óleo, o que complicaria ainda mais o processo de limpeza da região afetada”, disse.
Viana explica que em casos de desastres ambientais como o do golfo do México, os primeiros contratados para o trabalho de limpeza são as pessoas mais afetadas pelo acidente, como pescadores e desempregados, moradores da região atingida.
Segundo a “Times”, a BP contratou cerca de 4 mil pessoas nos quatro Estados afetados para realizar a limpeza do golfo do México.
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