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BP estuda suspender o pagamento de dividendos aos acionistas

Trabalhadores tentam remover o óleo na praia de Grand Terre, na Louisiana; <b>VEJA MAIS</b> - Jose Luis Magana/Reuters
Trabalhadores tentam remover o óleo na praia de Grand Terre, na Louisiana; <b>VEJA MAIS</b> Imagem: Jose Luis Magana/Reuters

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

11/06/2010 14h15

A petroleira britânica BP (British Petroleum), responsável pelo vazamento de petróleo que contamina o golfo do México, disse que está avaliando suspender ou adiar o pagamento de dividendos a seus acionistas, em meio à crescente revolta dos americanos pela forma com que está atuando ante o maior desastre ecológico da história dos Estados Unidos.

"Estamos considerando todas as opções em relação aos dividendos. Mas ainda não tomamos uma decisão", afirmou o presidente da BP, Tony Hayward, em uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal "Wall Street Journal".

A junta de diretores da BP poderá decidir suspender ou adiar o pagamento de dividendos do segundo trimestre - cujos resultados são esperados para 27 de julho - ou, inclusive, realizar os pagamentos em forma de crédito provisório, segundo o jornal.

Desde o acidente com a plataforma "Deepwater Horizon" as ações da BP caíram mais de 40%, o que representa a desvalorização de cerca de US$ 73 bilhões no valor de mercado da empresa.

Por esse motivo, os investidores processam a companhia petrolífera por tê-los induzido ao erro sobre as medidas de segurança das que dispunham em suas operações no Golfo do México antes de ocorrer o vazamento de petróleo.

Segundo a BP, os esforços para conter o vazamento de óleo já custaram US$ 1,43 bilhão. O valor inclui os custos com contenção de vazamento, as subvenções aos Estados atingidos, além do pagamento de reclamações e custos federais aos Estados Unidos.

Acaba hoje o prazo para a BP apresentar um plano detalhado com medidas para acabar com o vazamento. O ultimato foi dado pelo governo norte-americano através de um comunicado do Departamento de Segurança Nacional, divulgado na quarta-feira.

O acidente é o pior vazamento de petróleo na história dos EUA, superando o acidente de 1989 com o navio Exxon Valdez no Alasca. Os milhões de litros de óleo já derramados estão causando graves prejuízos ambientais e econômicos.

Lei americana impede trabalho de voluntários

O trabalho de limpeza e remoção do óleo é realizado e autorizado somente por pessoas contratadas pela própria BP. Segundo Leonardo Viana, integrante da ONG norte-americana Ocean Conservancy, o trabalho volutário não é permitido pela lei americana em casos de derramamento de óleo.

“Embora as muitos voluntários queiram ajudar, isso não é permitido pela lei. A responsável pelo desastre (BP) é quem contrata, treina e paga pessoas para fazerem esse trabalho”, afirmou. Segundo Viana, a única forma das ONGs e de voluntários participarem do processo de limpeza é na realização de um trabalho “pré-chegada do óleo nas praias”.

“Nós recrutamos voluntários e limpamos o lixo das praias que ainda podem ser atingidas pelo óleo. Com a remoção de plásticos, garrafas pet e outros tipos de objetos, nós evitamos que os materiais se tornem lixo tóxico com a chegada do óleo, o que complicaria ainda mais o processo de limpeza da região afetada”, disse.

Viana explica que em casos de desastres ambientais como o do golfo do México, os primeiros contratados para o trabalho de limpeza são as pessoas mais afetadas pelo acidente, como pescadores e desempregados, moradores da região atingida.

Segundo a “Times”, a BP contratou cerca de 4 mil pessoas nos quatro Estados afetados para realizar a limpeza do golfo do México.