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Cerca de 65 mil assistem missa de Bento 16 na Escócia; João Paulo 2º reuniu 300 mil no mesmo parque

Cerca de 65 mil pessoas acompanhavam a missa do papa Bento 16 em Glasgow - Phil Noble/Reuters
Cerca de 65 mil pessoas acompanhavam a missa do papa Bento 16 em Glasgow Imagem: Phil Noble/Reuters

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

16/09/2010 19h36

Cerca de 65 mil pessoas se reuniram nesta quinta-feira (16) para participar da missa celebrada pelo papa Bento 16 no parque Bellahouston, em Glasgow, na Escócia – uma multidão equivalente a menos de um quarto dos 300 mil fieis que acompanharam o João Paulo 2º no mesmo parque em 1982.

O papa João Paulo 2º esteve no Reino Unido 28 atrás, em uma visita pastoral, diferente da deste ano, que é considerada uma visita de Estado, a convite da rainha Elizabeth 2ª. Por se tratar de um país majoritariamente anglicano, a viagem de Ratzinger é considera histórica.

Durante a missa de hoje, Bento 16 declarou que a sociedade de hoje, ameaçada pela "ditadura do relativismo", precisa de "vozes claras, que proponham o nosso direito a viver, não em uma selva da liberdade autodestrutiva e arbitrária, mas em uma sociedade que trabalha pelo verdadeiro bem-estar de seus cidadãos, oferecendo orientação e proteção frente às suas fraquezas e fragilidade".

"As tentações devem ser evitadas: drogas, dinheiro, sexo, pornografia, álcool. Só uma coisa dura, o amor de Jesus Cristo. Busquem-no e ele os libertará. Coloquem de lado o que é superficial e desnecessário. Dediquem-se completamente a Deus", complementou o pontífice.

"Estou feliz de estar aqui hoje. Deus abençoe o povo da Escócia", enfatizou o Papa, sendo longamente aplaudido pelos milhares de fieis que acompanharam a celebração.

Mais cedo, Bento 16 foi cumprimentado por milhares de pessoas quando chegava ao parque a bordo do “papamóvel”, depois de ter sido recebido pela rainha Elizabeth 2ª no Palácio Real de Holyroodhouse, em Edimburgo.

Polêmicas

A visita de Bento 16, desde o seu anúncio, tem sido alvo de polêmicas no Reino Unido, onde os católicos são minoria. Numerosos grupos laicos anunciaram manifestações contra Bento 16, acusado de ser ultraconservador e de ter ocultado casos de abusos sexuais de clérigos contra menores, muitos deles ocorridos no Reino Unido e, sobretudo, na vizinha Irlanda. Vinte e dois sacerdotes foram acusados e condenados por terem abusado de menores nos últimos anos.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que não está descartado um encontro do pontífice com vítimas desses abusos, como já ocorreu nas viagens de Bento 16 aos Estados Unidos, à Austrália e, recentemente, a Malta. O eventual encontro, precisou Lombardi, seria realizado em um clima de discrição, espiritualidade e recolhimento, afastado da presença da imprensa.

Além do posicionamento do papa nos casos de pedofilia, as correntes contrárias à visita criticam o pontífice pelo conservadorismo em temas como aborto, homossexualidade, ordenação de mulheres ao sacerdócio, pesquisa com células-tronco e uso de preservativo.

Outra questão polêmica foi a decisão de cobrar ingresso para quem quisesse assistir às cerimônias. Os fiéis deverão desembolsar até 25 libras (R$ 66,45) para ver a missa de domingo, em Birmingham (centro de Inglaterra), 20 pela de quinta-feira (R$ 53,15), em Glasgow (Escócia), e 5 (R$ 13,30) por uma vigília no sábado, em Londres.

A Igreja Católica inglesa classifica esses pagamentos como "contribuições econômicas", mas para a imprensa britânica trata-se simplesmente uma venda de ingressos, algo sem precedentes.

Segundo cifras oficiais, o custo do deslocamento do papa ficará perto dos 20 milhões de libras (R$ 53 milhões). Em tempos de crise, e considerando a reticência dos britânicos em pagar pelo encontro (três em cada quatro britânicos acham que o contribuinte não deve pagar pela visita, segundo pesquisa recente) o governo só assumirá entre 10 e 12 milhões de libras (R$ 27 milhões a R$ 32 milhões). Por isso, o clero católico inglês participa o máximo possível no financiamento da visita.

O papa parte na noite de hoje para Londres, onde terá agenda intensa amanhã. Os quatro dias de visita oficial ao Reino Unido serão encerrados no domingo.

*Com agências internacionais