Topo

Papa cita nazismo para defender papel da religião na sociedade moderna

A rainha Elizabeth 2ª e o papa Bento 16 diante da guarda de honra da Royal Company of Archers no palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, na Escócia. Pontífice iniciou hoje visita ao Reino Unido - Lefteris Pitarakis/AP
A rainha Elizabeth 2ª e o papa Bento 16 diante da guarda de honra da Royal Company of Archers no palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, na Escócia. Pontífice iniciou hoje visita ao Reino Unido Imagem: Lefteris Pitarakis/AP

UOL Notícias*

Em São Paulo

16/09/2010 14h46

O papa Bento 16 iniciou sua visita ao Reino Unido nesta quinta-feira (16) com uma defesa da importância da religião na sociedade moderna, alertando que o “ateísmo extremista” é uma prática que esteve presente no nazismo.

A primeira etapa dos quatro dias de visita de Joseph Ratzinger ao país foi uma cerimônia de boas-vindas no palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, onde o pontífice fez seu primeiro discurso.

Citando conflitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o papa afirmou que “o Reino Unido e seus líderes resistiram contra a tirania nazista que queria erradicar Deus da sociedade e negava nossa humanidade comum para muitos -- em especial os judeus -- que eram considerados indignos de viver”.

“Refletindo sobre as sóbrias lições do extremismo ateísta do século 20, não esqueçamos nunca como a exclusão de Deus, da religião e da virtude na vida pública levou para uma visão truncada do homem e da sociedade e então para uma visão reducionista da pessoa e de seu destino”, acrescentou.

Em seguida, indicou que o Reino Unido está no caminho de uma sociedade moderna e multicultural. “Nessa tarefa desafiadora, que seja mantido o respeito por aqueles valores tradicionais e expressões culturais que as mais agressivas formas de secularismo não valorizam e não toleram. Que isso [a modernização da sociedade] não obscureça a fundação cristã que sustenta sua própria liberdade”.

A sugestão do papa de que ateus teriam semelhanças com nazistas logo provocou críticas no Reino Unido. "O conceito de que foi o ateísmo dos nazistas que os levou a suas odiosas visões extremistas é uma terrível difamação dos que não acreditam em Deus", declarou um porta-voz da British Humanist Association.

Pedofilia

Mais cedo, antes de chegar a Edimburgo, o papa Bento 16 havia criticado os líderes da Igreja católica por terem sido "insuficientemente vigilantes" durante décadas de abusos sexuais do clero contra crianças.

"Tenho de dizer que sinto uma grande tristeza. Tristeza porque a autoridade da Igreja não foi suficientemente vigilante, nem suficientemente veloz, nem decidida, para tomar as medidas necessárias", disse Bento 16 aos jornalistas que o acompanhavam no avião de Roma para Edimburgo.

Por isso, acrescentou Ratzinger, "estamos em um momento de penitência, de humildade e de renovada sinceridade".

Sobre os padres pedófilos, o papa disse que não se deve permitir que "estas pessoas culpadas se aproximem dos jovens". "Sabemos que esta é uma doença e que a livre vontade não funciona, e devemos proteger estas pessoas de si mesmas e é preciso encontrar o modo de ajudá-las e excluir qualquer acesso que possam ter aos jovens", ressaltou.

Bento 16 acrescentou que para que nunca mais ocorram estes abusos "é necessária uma prevenção na educação e na seleção de candidatos ao sacerdócio".

"É difícil entender como essa perversão era possível no Ministério sacerdotal. Pois o sacerdote se prepara durante anos para ser a boca e as mãos de Jesus, o Bom Pastor, quem ama e ajuda a verdade", assinalou.

*Com agências internacionais