Após protestos na Tunísia, norte da África vive onda de imolação política com fogo
Dias depois da queda do ditador tunisiano Zine al-Abidine Ben Ali, derrubado por protestos populares desencadeados pela iniciativa de um homem que morreu após atear fogo em seu próprio corpo, há relatos de que o gesto foi repetido em pelo menos outros três países do norte da África.
Em 17 de dezembro, o vendedor de vegetais tunisiano Mohamed Bouazizi ateou fogo em si mesmo depois que a polícia confiscou seus produtos. Bouazizi morreu semanas depois, tornando-se um mártir para multidões de estudantes e desempregados que questionavam as condições de vida no país.
Após um mês de protestos nas ruas, na última sexta-feira o presidente Ben Ali encerrou um período de 23 anos no poder e fugiu do país, criando uma situação inusitada. Pela primeira vez em várias gerações, um líder árabe caiu devido a protestos públicos, o que foi visto como um alerta para o restante da região, ainda dominada por regimes autocráticos.
Ontem, na Argélia, um desempregado de 37 anos se encharcou de gasolina e se transformou em uma tocha humana diante da prefeitura de Boukhadra, uma cidade mineradora perto da fronteira com a Tunísia.
Mohcin Boutertif fazia parte de um grupo com cerca de 20 jovens que reivindicavam uma reunião com o prefeito para pedir emprego. Segundo agências de notícias, ele sobreviveu, mas se encontra no hospital em estado grave.
O mesmo gesto foi repetido nesta segunda-feira por Abdo Abelmonem Gafr, padeiro de uma cidade vizinha a Cairo, no Egito, que ateou fogo a si mesmo em frente à sede da Assembleia do Povo.
A polícia chegou em seguida e tentou apagar as chamas; depois, uma ambulância levou o homem para um hospital. Ainda não há informação sobre o estado de saúde do manifestante ou a motivação do seu gesto. O Egito é comandado por Hosni Mubarak, presidente pelo quinto mandato consecutivo.
Também hoje, um homem ateou fogo ao próprio corpo próximo ao palácio presidencial de Nuakchot porque estava descontente com a situação política e o regime da Mauritânia.
Yacub Uld Dahud, 43, parou seu carro diante do Senado, situado a alguns metros da presidência, e se imolou no interior do veículo. A intervenção da polícia possibilitou levá-lo rapidamente para o hospital, onde foi tratado de queimaduras no rosto e nos pés.
A Mauritânia é dirigida por Mohamed Uld Abdel Aziz, general que chegou ao poder por um golpe militar em agosto de 2008, e depois foi eleito presidente em julho de 2009.
*Com agências internacionais
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