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Após dia cheio em Brasília, Obama parte em direção ao Rio de Janeiro

Maurício Savarese<BR>Do UOL Notícias<BR>Em Brasília

19/03/2011 18h58Atualizada em 19/03/2011 20h20

O presidente dos EUA, Barack Obama, e sua família deixaram Brasília por volta das 19h deste sábado (19) em direção ao Rio de Janeiro. O primeiro dia da visita ao Brasil de Obama foi marcado pela insistência da presidente Dilma Rousseff em reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas, e na sinalização de “apreço” do americano pela ideia. Os dois ainda discutiram questões energéticas, depois da descoberta dos megacampos de petróleo do pré-sal, capazes de abastecer a maior economia do mundo nos próximos anos.

Dilma martelou no assunto do órgão da ONU – composto por EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França – em todos os seus discursos ao lado de Obama. Por sua vez, o americano se limitou a dizer que continuará trabalhando com o Brasil e com outros países para reformular o grupo, instalado com base no resultado da 2ª Guerra Mundial, terminada em 1945. O Conselho autoriza ou repele ações militares em todo o mundo e um assento fixo também é alvo de cobiça de Japão, Alemanha e Índia, entre outros.

O presidente americano citou o Brasil como potencial fonte “estável” de energia, em uma referência ao Oriente Médio, de onde vem a maioria das exportações americanas de petróleo e que passa por momento turbulento em vários países. Afirmou também que os dois fortalecem laços no setor de biocombustíveis. Obama disse ainda que os EUA devem levar a economia do país e de Dilma “tão seriamente quanto China e Índia” – nações que recebem reverências bem mais sonoras de Washington.

Sorridente, Dilma acompanhou Obama em seus dois compromissos com autoridades brasileiras, no Palácio do Planalto e no almoço repleto de autoridades concedido no Itamaraty. Ali, apresentou a ele os antecessores: José Sarney, também presidente do Senado, Itamar Franco e o oposicionista Fernando Henrique Cardoso. Fernando Collor não foi visto cumprimentando nem o mandatário nem a família dele. Em “quarentena”, Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu ao evento.

Agenda do dia

Obama chegou à Base Aérea de Brasília por volta das 7h30, acompanhado da mulher, Michelle, e das filhas, Malia e Sasha. Atrasou-se meia hora para o encontro com Dilma no Palácio do Planalto, e compensou alongando a conversa com a anfitriã. Em pauta: dez acordos assinados entre os países, pleitos brasileiros na área diplomática e demandas americanas na área de negócios, com facilitação e ampliação na concessão de vistos e liberação para sobrevoo a empresas aéreas de ambos –a chamada política de céus abertos.

Enquanto os dois conversavam, potências do Ocidente iniciavam operações na Líbia, contra a ditadura de Muammar Gaddafi, instalado no poder há mais de 40 anos. O assunto também foi incluído nas discussões entre Obama e Dilma, e mereceu mais tarde comentários do americano sem a presença da brasileira, momentos antes de ele embarcar para o Rio de Janeiro, onde completará sua visita ao Brasil na segunda-feira (21).

“Atos têm consequências”, disse Obama, pouco antes de se despedir de Dilma no Palácio da Alvorada, ao autorizar ataques contra alvos líbios. Foi o único momento tenso do dia do presidente americano, que, mesmo sem o tom emotivo de sua histórica campanha eleitoral, ganhou aplausos e tietagem de funcionários dos prédios do governo. No escritório do governo, ganhou abraços e até lágrimas de crianças de uma escola pública. No Itamaraty, foi paparicado por líderes políticos e empresariais.

Depois da conversa privada com Dilma e do almoço no Ministério das Relações Exteriores, Obama partiu para um encontro com empreendedores, promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), onde falou sobre oportunidades de negócios nos dois países e, pela terceira vez, lamentou a derrota de Chicago, sua base eleitoral, para o Rio de Janeiro na tentativa de receber os Jogos Olímpicos de 2016. “Ainda dói”, repetia. “Lula me venceu nessa.”

Concluído o encontro com empresários e a imprevista declaração sobre a Líbia, Obama seguiu para o Palácio da Alvorada, onde se despediu de Dilma. Em seguida, embarcou na Base Aérea de Brasília, rumo ao Rio de Janeiro, onde ficará até a manhã de segunda-feira (21), quando decolará rumo a Santiago, no Chile. Depois disso, deve ir a El Salvador.