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Obama esbanja simpatia no Brasil, mas é criticado nos EUA

Daniel Milazzo<br>Especial para o UOL Notícias

No Rio de Janeiro

20/03/2011 23h33

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teve uma agenda cheia neste domingo (20), segundo dia de sua visita oficial ao Brasil. O local do primeiro compromisso de Obama foi à comunidade Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ali está instalada uma das 16 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) que existem na cidade.

O presidente americano e sua família assistiram a uma apresentação de música e, logo depois, a uma demonstração de capoeira na Fundação para a Infância e Adolescência. Obama também topou bater bola com crianças da comunidade e arriscou algumas tentativas – frustradas – de embaixadinhas. Se, por um lado, sua habilidade com os pés é restrita, por outro, seu carisma é inegável. Obama distribuiu acenos, abraços e um largo sorriso na Cidade de Deus.

 
À tarde, o líder americano dirigiu-se até o Theatro Municipal, no Centro do Rio, para realizar um discurso voltado ao povo brasileiro. Alegando “uma série de preocupações sobre a realização do evento ao ar livre”, na sexta-feira (18) o consulado americano cancelou o discurso previsto para ser aberto ao público na Cinelândia. O povo brasileiro foi representado por centenas de convidados que praticamente lotaram a centenária casa de espetáculos.

Logo de cara, Obama ganhou a simpatia dos presentes saudando a todos com palavras em português. “Alô Cidade Maravilhosa. Boa tarde a todo o povo brasileiro”, disse. Em sua fala de pouco mais de 20 minutos, Obama ressaltou os valores compartilhados entre Brasil e Estados Unidos. Ele lembrou o passado escravagista antes de ressaltar a vigorosa democracia atual nas duas nações.

“Vamos ficar lado a lado, como parceiros iguais, munidos de respeito mútuo e de projetos que queremos realizar juntos”, disse Obama. Nesta visita, ele deixou claro o interesse americano em não apenas ser comprador do pré-sal, mas participar da extração de tal reserva energética. Repetindo o que já havia dito durante discurso em Brasília, Obama frisou que o futuro chegou para o Brasil.

Ofensiva militar contra a Líbia

Nos últimos dias, Obama tem sido muito criticado pela mídia dos Estados Unidos por estar distante de seu país durante a atual crise na Líbia, país do norte da África. Uma coalizão formada pelos EUA, França, Reino Unido, Canadá e Itália está atacando alvos militares líbios por via aérea desde sábado (19).

A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU cria uma zona de exclusão aérea e permite tais ataques. O Brasil, membro rotativo do Conselho, se absteve. Assim como fizeram Rússia, China, Índia e Alemanha. Nenhum dos 15 países integrantes do Conselho de Segurança deu voto contrário à resolução.

No Theatro Municipal, Obama não precisou pronunciar o nome “Gaddafi” para justificar o ataque ao país do norte da África. “Todos nós merecemos viver sem medo e temos o direito de escolher como seremos governados [...] Não devemos temer as mudanças”. Muammar Gaddafi governa a Líbia desde 1969.

Michelle elogia Unidos da Tijuca

Enquanto seu marido cumpria a agenda oficial, a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, visitou a Cidade do Samba, na zona portuária do Rio. Acompanhada de suas filhas Malia e Sasha, Michelle assistiu a uma apresentação especial da escola de samba Unidos da Tijuca, vice-campeã do Carnaval carioca de 2011.

Michelle se impressionou com a comissão de frente da escola. Por meio de um truque de ilusionismo, os integrantes parecem “perder a cabeça”. A primeira-dama também gostou do carro alegórico sobre a série de filmes de “Indiana Jones”.

Cristo Redentor encerra visita ao Rio

À noite, Barack Obama e sua família subiram ao monumento do Cristo Redentor. Ao final da visita, que durou cerca de 30 minutos, o tempo ficou encoberto. Foi o último compromisso na agenda de Obama na cidade.
 
Após cerca de 36 horas no Rio, Barack Obama e sua comitiva deixarão a capital fluminense na manhã desta segunda-feira (21). Dificilmente o homem mais poderoso do mundo irá se banhar nas águas de Copacabana, já que a previsão meteorológica aponta tempo nublado e chuvoso na capital fluminense. Além disso, há dúvidas sobre a qualidade da água.

Assim, Obama cumpre a primeira etapa de sua primeira visita oficial à América do Sul. Ele decola do Rio em direção a Santiago, no Chile. Depois, Obama ainda passará por El Salvador, na América Central, antes de retornar aos EUA.