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Obama suspende visita desta manhã ao Cristo Redentor; evento deve ficar para a tarde

Do UOL Notícias*<br>Em São Paulo

20/03/2011 00h54

Deve ficar para a tarde deste domingo (20), em vez do período da manhã, a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Cristo Redentor, um dos principais cartões postais do Rio de Janeiro. A informação é consulado americano no Brasil, que não forneceu detalhes sobre os motivos de mudança no cronograma.

Com isso, a passagem pelo Cristo deve ocorrer após dicurso de Obama no Theatro Municipal, na Cinelândia, região central da capital fluminense.

Obama chegou com as filhas, Sasha e Malia, e a primeira-dama, Michelle, pouco após as 20 horas e depois de um dia de agenda cheia a capital federal, em Brasília --marco de uma visita oficial de três dias, do norte-americano, por países da América Latina.

Cronograma

O presidente deixa a capital fluminense apenas na manhã de segunda-feira (21). Neste domingo, a agenda, que previa o passeio pelo Cristo Redentor, no Corcovado, durante a manhã, é seguida por uma ida à Cidade de Deus, na zona oeste, uma das 14 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio. A previsão é que Obama feche a viagem com um pronunciamento no Teatro Municipal, restrito a poucos convidados.

O primeiro dia da visita ao Brasil de Obama foi marcado pela insistência da presidente Dilma Rousseff em reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas, e na sinalização de “apreço” do americano pela ideia. Os dois ainda discutiram questões energéticas, depois da descoberta dos megacampos de petróleo do pré-sal, capazes de abastecer a maior economia do mundo nos próximos anos.

Dilma martelou no assunto do órgão da ONU –--composto por EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França --em todos os seus discursos ao lado de Obama. Por sua vez, o americano se limitou a dizer que continuará trabalhando com o Brasil e com outros países para reformular o grupo, instalado com base no resultado da 2ª Guerra Mundial, terminada em 1945. O Conselho autoriza ou repele ações militares em todo o mundo e um assento fixo também é alvo de cobiça de Japão, Alemanha e Índia, entre outros.

O presidente americano citou o Brasil como potencial fonte “estável” de energia, em uma referência ao Oriente Médio, de onde vem a maioria das exportações americanas de petróleo e que passa por momento turbulento em vários países. Afirmou também que os dois fortalecem laços no setor de biocombustíveis. Obama disse ainda que os EUA devem levar a economia do país e de Dilma “tão seriamente quanto China e Índia” – nações que recebem reverências bem mais sonoras de Washington.

Sorridente, Dilma acompanhou Obama em seus dois compromissos com autoridades brasileiras, no Palácio do Planalto e no almoço repleto de autoridades concedido no Itamaraty. Ali, apresentou a ele os antecessores: José Sarney, também presidente do Senado, Itamar Franco e o oposicionista Fernando Henrique Cardoso. Fernando Collor não foi visto cumprimentando nem o mandatário nem a família dele. Em “quarentena”, Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu ao evento.

Agenda em Brasília

Obama chegou à Base Aérea de Brasília por volta das 7h30, acompanhado da mulher, Michelle, e das filhas, Malia e Sasha. Atrasou-se meia hora para o encontro com Dilma no Palácio do Planalto, e compensou alongando a conversa com a anfitriã. Em pauta: dez acordos assinados entre os países, pleitos brasileiros na área diplomática e demandas americanas na área de negócios, com facilitação e ampliação na concessão de vistos e liberação para sobrevoo a empresas aéreas de ambos –a chamada política de céus abertos.

Enquanto os dois conversavam, potências do Ocidente iniciavam operações na Líbia, contra a ditadura de Muammar Gaddafi, instalado no poder há mais de 40 anos. O assunto também foi incluído nas discussões entre Obama e Dilma, e mereceu mais tarde comentários do americano sem a presença da brasileira, momentos antes de ele embarcar para o Rio de Janeiro.

“Atos têm consequências”, disse Obama, pouco antes de se despedir de Dilma no Palácio da Alvorada, ao autorizar ataques contra alvos líbios. Foi o único momento tenso do dia do presidente americano, que, mesmo sem o tom emotivo de sua histórica campanha eleitoral, ganhou aplausos e tietagem de funcionários dos prédios do governo. No escritório do governo, ganhou abraços e até lágrimas de crianças de uma escola pública. No Itamaraty, foi paparicado por líderes políticos e empresariais.

Depois da conversa privada com Dilma e do almoço no Ministério das Relações Exteriores, Obama partiu para um encontro com empreendedores, promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), onde falou sobre oportunidades de negócios nos dois países.

Concluído o encontro com empresários e a imprevista declaração sobre a Líbia, Obama seguiu para o Palácio da Alvorada, onde se despediu de Dilma. Em seguida, embarcou na Base Aérea de Brasília, rumo ao Rio de Janeiro, de onde decola rumo a Santiago, no Chile. Depois disso, deve ir a El Salvador.

* Com informações de Maurício Savarese, em Brasília