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Homem que perdeu a visão após levar um tiro faz campanha para evitar execução do atirador

Do UOL Notícias

Em São Paulo

03/06/2011 20h27

O ano era 2001. Alguns dias depois dos atentados de 11 de setembro, em Nova York, o americano Mark Stroman queria se vingar dos ataques e, no que chamou de "missão", matou a tiros dois imigrantes asiáticos e ainda feriu uma terceira pessoa no rosto.

A terceira vítima era o muçulmano Rais Bhuiyan, que acabou perdendo a visão do olho atingido pelo tiro.

Preso sob acusação de cometer crimes de ódio, Stroman foi condenado à pena de morte no Texas (EUA). Agora, curiosamente, Bhuiyan está tentando invalidar a condenação do atirador.

Bhuiyan criou a campanha "Mundo sem Ódio" na internet -- cujo slogan é "Odeie o pecado, mas não o pecador. Salve a vida de Mark Stroman" -- e está reunindo assinaturas para entregar uma petição à justiça do Texas, na tentativa de reverter a condenação de Stroman.

"Eu perdoei Mark Stroman muitos anos depois [do crime]. Acredito que ele foi ignorante e incapaz de distinguir entre o certo e o errado, do contrário, não teria feito o que fez", diz Bhuiyan no site da campanha.

Em entrevista ao site MSNBC, ele declarou que teve "muitos anos para crescer espiritualmente" e que agora está "tentando fazer o melhor para impedir a perda de mais uma vida". "Vou bater em todas as portas possíveis", completou.

Hoje, aos 41 anos, o americano está na penitenciária estadual de Huntsville, no Texas, onde aguarda a execução, marcada para o dia 20 de julho. Ele foi condenado À pena de morte pelo assassinato de Vasudev Patel, um indiano, em outubro de 2001.

Cerca de um mês depois ele matou, também a tiros, o paquistanês Waqar Hasan, em Dallas, crime pelo qual ele foi acusado, mas não julgado. Cinco dias depois, Stroman entrou na loja de conveniêndia do posto de gasolina em que Bhuiyan, também Dallas, perguntou de onde ele era e, ao ouvir a resposta, atirou no rosto do vendedor.

Natural de Bangladesh, Bhuiyan leva uma vida normal e disse que está recebendo o apoio de muitas pessoas contrárias à pena de morte, entre elas, alguns parentes dos dois homens mortos por Stroman.

Apesar de ter menos de dois meses para tentar reverter a decisão da justiça, Bhuiyan segue confiante, assim como a advogada de defesa de Stroman.

"O que torna esse caso único é que pela primeira vez temos uma vítima tentando reverter uma condenação, pedindo clemência", disse a advogada Lydia Brandt.

Somando esforços a Bhuiyan, a equipe de defesa do americano vai tentar, em uma nova audiência, convencer o júri de que Stroman sofria de depressão na época e tem um histórico de abusos, argumentos que não foram apresentados anteriormente, o que eles acreditam que pode fazer o júri mudar de ideia.