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Assassino de irmão do presidente afegão era aliado confiável da família Karzai

Ahmad Wali Karzai, irmão do presidente afegão Hamid Karzai - Ahmad Nadeem/ Reuters
Ahmad Wali Karzai, irmão do presidente afegão Hamid Karzai Imagem: Ahmad Nadeem/ Reuters

UOL Notícias*

Em São Paulo

12/07/2011 21h45

Ahmed Wali Karzai não descuidava quando o assunto era segurança. Irmão do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, e um dos homens mais poderosos do país, somente algumas pessoas tinham a chance de chegar perto dele, e ainda menos gente teria a oportunidade de assassiná-lo, como ocorreu nesta terça. O ataque bem planejado foi, na verdade, uma traição, segundo o site da MSNBC.

De acordo com fontes afegãs, o assassino, Sardar Mohammad, integrava o clã Popalzai, próximo à família Karzai. Ele trabalhava para a segurança dos Karzai havia mais de uma década e já havia sido guarda-costas de outro irmão de Hamid.

Nesta terça, Mohammad chegou à casa de Ahmed Wali Karzai (AWK) em Kandahar, no sul do país, pronto para matar.

Aliado confiável

Mohammad era mais do que um guarda-costas para AWK, ele era um dos mais confiáveis tenentes dele. Não dava apenas proteção, não mantinha apenas as multidões afastadas, mas tinha anos de experiência como segurança e havia construído estreitas relações com a família Karzai. Pelo menos dois parentes de Mohammad faziam parte do serviço de proteção ao presidente Hamid, um grupo seleto similar ao serviço secreto afegão.

Esta relação de anos foi essencial para o crime. Nesta terça de manhã, AWK tinha uma reunião em sua casa. Mohammad entrou na sala durante o encontro e disse que tinha um assunto urgente para tratar a sós com Ahmid. Eram apenas dois minutos. Poucas pessoas tinham o poder de fazer AWK interromper uma reunião, e Mohammad era uma delas.

Aparentemente, a arma estava escondida no meio de documentos que Mohammad carregava. Foram dois tiros, um na cabeça e outro no peito. Com o barulho, seguranças correram ao local e mataram o assassino.

Motivações

Por que Mohammad fez isso? A razão é, talvez, o maior mistério.

O grupo Taleban assumiu a responsabilidade e afirmou que a preparação de Mohammad para a missão durou muito tempo -- talvez anos. Havia interesse em matá-lo, pois AWK trabalhava com americanos, havia sido vinculado ao tráfico de drogas e havia recebido pagamentos da CIA.

O crime também pode ter ajudado o Paquistão. Há muitos anos, o governo paquistanês, o presidente Hamid Karzai e o Taleban buscam um acordo de paz para o conflito na região. Os Estados Unidos acompanham de perto as negociações, e AWK era uma peça chave, apesar de sua fama de negociador duro.

Com o assassinato, a posição do Taleban e do Paquistão no acordo tornou-se mais forte.

No entanto, fontes afegãs também acreditam que Mohammad foi motivado por problemas entre as famílias ou vingança pessoal. Sem dúvida, levará tempo até tudo ser esclarecido. AWK tinha muitos inimigos, e é provável que sua morte tenha uma série de motivações como pano de fundo.

*Com informações da MSNBC