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Crianças somalis que fogem da seca são abandonadas no caminho para campo de refugiados

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

15/07/2011 07h00

Em meio à seca que atinge o Chifre da África, cerca de 300 crianças somalis foram abandonadas no caminho para Dadaab, onde fica o maior campo de refugiados do mundo, segundo informações da MSNBC.

De acordo com a Unicef, a seca e o número de refugiados representam a “maior crise humanitária no mundo”. A Cruz Vermelha também chamou a atenção para a situação de desnutrição das crianças, enquanto milhares de somalis caminham dias ou até semanas para chegar a Dadaab, na esperança de encontrar comida.

Pior seca dos últimos 60 anos atinge Chifre da África

Andrew Wander, porta-voz da "Save the Children", disse que a organização busca cuidar das cerca de 300 crianças que foram abandonadas ou perderam os pais no caminho. “Mais crianças morreram de inanição nos primeiros quatro meses deste ano do que no ano passado inteiro.”

O campo de Dadaab, que fica no nordeste do Quênia, foi construído para abrigar 90 mil pessoas, mas todo dia chegam 1.500 novos refugiados e agora a população do local é de 382 mil pessoas, segundo a "NBC News".

Mapa da fome

Há mortes todos os dias no campo, embora seja difícil precisar uma estimativa.

“Nessas circunstâncias extraordinárias surgem muitos atos de caridade. Mas com a previsão de que a seca pode causar um estado de fome geral, precisaremos de muito mais generosidade”, afirmou o repórter Rohit Kachroo, da "NBC News".

Já o alto comissário da agência da ONU para os Refugiados (Acnur), Antonio Guterres, afirmou ter visitado muitos campos ao redor do mundo, “mas nunca vi as pessoas chegarem com tanto desespero”.

A maior parte da população de Dadaab é formada por famílias de camponeses que praticavam agricultura de subsistência e viram suas terras se tornarem inférteis e os animais morrerem após longos períodos sem chuva.

A ONU estima que cerca de 11 milhões de pessoas precisem de ajuda alimentar na região, que inclui também o Quênia e a Etiópia. Neste último, a situação real é muito pior do que a divulgada pelo governo.

Segundo dados oficiais, 4,5 milhões de etíopes necessitam de ajuda alimentar, um aumento de 40% em relação ao ano passado. No total, associações de ajuda humanitária doaram US$ 100 milhões para fundos de emergência na região.

*Com informações da MSNBC