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Em depoimento, ex-motorista de Neruda confirma tese de assassinato pelo regime Pinochet

Em foto de 1941, Neruda se recupera de suposto ataque da polícia na Cidade do México  - AP Photo/Arquivo
Em foto de 1941, Neruda se recupera de suposto ataque da polícia na Cidade do México Imagem: AP Photo/Arquivo

Do UOL Notícias

Em São Paulo

17/11/2011 18h01

O ex-motorista do poeta chileno Pablo Neruda reiterou, em depoimento à Justiça do Chile que o escritor "foi assassinado por agentes da ditadura de Augusto Pinochet". Manuel Araya Osorio testemunhou na manhã desta quarta-feira (16), segundo informações do jornal mexicano "LaJornada".

As investigações sobre a morte de Neruda são comandadas pelo juiz Manuel Chariot, que interrogou por duas horas o ex-funcionário do poeta, que atualmente trabalha como taxista no porto de Santo Antonio, Chile.

Quase 40 anos após da morte do Nobel de Literatura, a Justiça chilena colheu as acusações feitas pelo PC chileno - partido no qual o poeta militava – e decidiu investigar a denúncia do ex-motorista. Segundo Osório, o poeta teria sido envenenado enquanto estava internado na Clínica Santa Maria, em Santiago.

A tese de assassinato contraria a versão oficial sobre a morte, segundo a qual o poeta morreu em decorrência de um câncer de próstata, em setembro de 1973, 12 dias depois do golpe de Estado que levou ao poder o general Augusto Pinochet. Neruda era amigo de Salvador Allende, deposto pelo golpe.

A Justiça poderá pedir a exumação do corpo de Neruda, enterrado em sua casa, em Isla Negra, costa central do Chile, para tentar esclarecer se uma injeção provocou sua morte ou se o agravamento do câncer o matou, conforme a versão oficial.

Osorio, no entanto, acredita que "não há nenhuma necessidade" exumar os restos do poeta, apesar de ressaltar que esta decisão cabe ao juiz Chariot.