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Países da União Europeia chegam a acordo para vetar importações de petróleo iraniano

Do UOL*, em São Paulo

23/01/2012 09h36Atualizada em 23/01/2012 11h08

Os países da União Europeia decidiram adotar um embargo gradual das exportações de petróleo do Irã e o congelamento dos ativos do Banco Central em uma tentativa de forçar Teerã a parar seu programa nuclear.

O acordo foi aprovado nesta segunda-feira (23) pelos ministros de Relações Exteriores dos 27 países da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica.

O texto do acordo proíbe imediatamente os países europeus de estabelecerem novos contratos no setor do petróleo com o Irã, o segundo produtor da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) depois da Arábia Saudita. Haverá, no entanto, um período de transição para encerrar os contratos já existentes, que vale até 1º de julho.

Os 27 conseguiram convencer a Grécia a assinar o embargo, que tem como objetivo cortar possíveis vias de financiamento ao programa nuclear iraniano e aumentar a pressão sobre Teerã para que aceite negociar com a comunidade internacional.

A Grécia, que compra do Irã petróleo em condições vantajosas, temia que a medida representasse um novo golpe a sua maltratada economia.

Segundo fontes da diplomacia, os outros membros deram a Atenas "garantias políticas" de que negociarão com outros países provedores para manter o fornecimento em condições semelhantes, devido aos problemas financeiros gregos.

Além disso, concordaram em revisar o embargo antes do dia 1º de maio. Mas para modificar a medida seria necessária a unanimidade, o que torna uma revogação praticamente impossível.

Os outros dois países europeus que serão afetados pelo embargo são Espanha e Itália, que até agora tinham o Irã como um de seus principais fornecedores de petróleo.

“Espanha é um dos países que mais vai sofrer com essa decisão. Entendemos que a segurança da zona é prioritária, por isso estamos dispostos a fazer esse sacrifício para conseguir a unanimidade na Europa”, disse o ministro espanhol José Manuel García-Margallo.

Teerã vende 450 mil barris diários (cerca de 20% de suas exportações) para a União Europeia, principalmente para Itália (180 mil), Espanha (160 mil) e Grécia (100 mil). Nas últimas semanas, o Irã vinha ameaçando com represálias a Europa, se o bloco procedesse com o embargo, entre estas o fechamento do Estreito de Ormuz para os petroleiros, por onde transita uma parte fundamental do petróleo mundial.

Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores sueco, Carl Bildt, garantiu que a opção seria "profundamente contraproducente" e prejudicaria mais o próprio Irã do que a União Europeia.

Paralelo a isso, os 27 aumentarão nesta segunda-feira as sanções financeiras a Teerã, congelando boa parte dos ativos do Banco Central iraniano.

Pelo acordo fechado na semana passada, não está previsto o bloqueio completo ao Banco Central, pois está incluído o fornecimento para permitir que "o comércio legítimo" continue e para que a dívida iraniana pendente possa ser paga aos países europeus.

A chefe da diplomacia comunitária, Catherine Ashton, ressaltou que a intenção é que assim o Irã "leve a sério" os pedidos de voltar à mesa de negociações.

"Acho que poucos acreditam que as sanções por si só sejam uma solução, são parte da resposta. (...) O instrumento mais importante é a diplomacia", explicou Bildt. (Com AFP e Efe)