República Tcheca proíbe venda de bebidas alcoólicas após mortes por envenenamento

O governo da República Tcheca confirmou, nesta terça-feira (18), a 23ª morte por envenenamento por metanol. A substância, utilizada pela indústria química em combustíveis e arrefecedores, foi misturada em garrafas de rum e vodca vendidas ilegalmente no país.

Segundo o portal de notícias tcheco "Ceske Noviny", além das vítimas fatais, há dezenas de hospitalizados e algumas das vítimas ficaram cegas.

O jornal "The New York Times" conta que Vladimr Lipina, 51, comprou uma garrafa de rum em um quiosque de rua a caminho de um jogo de futebol, cerca de duas semanas atrás. Ele disse que tomou algumas doses apesar do sabor estranho. Quatro dias depois, Lipina ficou cego. "Eu acordei com uma dor de cabeça e no estômago terríveis, mas achei que passaria." Os médicos acreditam que ele nunca voltará a enxergar.

A venda de bebidas com teor alcoólico maior que 20 graus está banida no país desde sexta-feira (14). Polônia e Eslováquia, países vizinhos, proibiram a importação das bebidas após os casos de envenenamento. Segundo o ministro da agricultura eslovaco, L'ubomír Jahnátek, a proibição seguirá até que o país vizinho tenha controle da situação.

A polícia acredita que as bebidas adulteradas vieram de uma só fonte. Vinte e três pessoas foram detidas, acusadas de ligação com a produção e distribuição da bebida venenosa. O ministro do interior tcheco, Jaroslav Hruska, afirma que a polícia está chegando aos grandes distribuidores e descobriu barris contendo mais de 30% de metanol. Uma fábrica de bebidas ilegais foi descoberta em Cheb, na fronteira com a Alemanha, nesta terça-feira (18), mas não há confirmação que seria a fonte dos envenenamentos.

A República Tcheca é o segundo maior consumidor das chamadas "bebidas duras", segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a venda de bebidas ilegais corresponde a 25% de todo o mercado, segundo a associação de produtores do país. O governo calcula em 10% essa participação.