Biden diz que só desiste se o 'Senhor Todo-Poderoso' descer e pedir isso
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou em entrevista exibida pela rede de TV ABC News nesta sexta-feira (6) que só irá desistir da reeleição se Deus descer dos céus e lhe recomendar a fazer isso.
O que aconteceu
Declaração foi feita pelo chefe da Casa Branca ao jornalista George Stephanopoulos. Biden foi questionado se renunciaria caso fosse convencido de que não é capaz de derrotar o republicano Donald Trump nas eleições.
Depende. Se o próprio Senhor Todo-Poderoso vier e me disser isso, 'Joe, saia da corrida', eu posso fazer isso. Mas ele não vai fazer isso.
Joe Biden, em entrevista concedida à ABC News
Na sequência, Stephanopoulos retrucou. "Eu concordo que o Senhor Todo-Poderoso não vai descer. Mas se você for informado de forma confiável por seus aliados, amigos e apoiadores, que eles estão preocupados com a derrota caso você fique, o que você fará?". Biden afirmou que "isso não vai acontecer."
Mais cedo, o democrata já havia dito que não desistiria da candidatura à reeleição. A declaração foi feita durante um evento de campanha em Madison. Durante o discurso, Biden se confundiu e trocou 2024 por 2020 ao falar das eleições deste ano.
Possibilidades e dificuldades
Desempenho de Biden acendeu um alerta no Partido Democrata. Com a voz rouca, uma gagueira persistente e frases confusas, o presidente deixou uma imagem oposta à mostrada por seu rival, que adotou um tom claro e enérgico no debate na CNN. Desde então, vários democratas têm demonstrado preocupação e sugerido — de forma anônima — que Biden abandone a disputa. Doggett, de 77 anos, é o primeiro a falar sobre isso abertamente.
Democratas têm até a Convenção Nacional para definir candidato. No evento, que acontece entre os dias 19 e 22 de agosto, o partido apresentará e oficializar o nome de quem concorrerá contra Trump nas eleições de novembro. Analistas com quem o UOL conversou explicaram ser "praticamente impossível" que os democratas consigam substituir Biden — se assim o quiserem — sem que o próprio presidente se retire da disputa, algo que ele já jurou diversas vezes que não faria.
Desistência de Biden seria a solução possível, mas é pouco provável. O democrata pode se retirar da disputa pela reeleição e continuar no cargo até o fim de seu mandato, mas seria uma situação bastante incomum: na história dos EUA, isso só aconteceu uma vez, em 1968, com o então presidente (e também democrata) Lyndon Johnson. Em caso de desistência, uma disputa seria aberta dentro do partido, uma vez que nem Biden, nem qualquer outra pessoa poderia nomear um sucessor.
Partido agora vive uma 'sinuca de bico', segundo especialista. Por um lado, tirar Biden da disputa enfraqueceria ainda mais sua imagem, reforçando a tese dos republicanos de que o presidente não é capaz de governar os EUA por mais quatro anos. Por outro, faltando menos de dois meses para a convenção democrata e pouco mais de quatro meses para a eleição, "qualquer candidato agora vai sair em grande desvantagem em relação a Trump", disse ao UOL Adriano Cerqueira, professor de Relações Internacionais do Ibmec-BH.
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