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Policial admite que não prestou socorro a brasileiro morto na Austrália

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

11/10/2012 06h47

Um dos policiais que estão sendo julgados pela morte do estudante brasileiro Roberto Laudisio Curti, 21, afirmou nesta quinta-feira (11) que não seguiu os procedimentos básicos de primeiros socorros quando o jovem perdeu a consciência. A informação é do jornal "The Sydney Morning Herald".

No quarto dia da investigação judicial, em Sydney, na Austrália, o policial Scott Edmondson contou no Tribunal de Glebe que verificou o pulso do estudante várias vezes depois que o jovem parou de reagir. Mas admitiu que não o colocou em posição de recuperação porque estava mais preocupado em evitar que o brasileiro tentasse fugir outra vez. Médicos recomendam posicionar a pessoa inconsciente de lado para evitar a asfixia.

"Nunca estive envolvido em uma briga tão grande quanto aquela", afirmou o policial. "Eu sabia que se ele tentasse reagir outra vez alguém iria se machucar e nós poderíamos perdê-lo", disse. Imagens divulgadas pela Justiça da camêra de uma das armas dos policiais mostram Roberto Laudisio deitado com as costas no chão enquanto os policiais tentam contê-lo.

Ainda de acordo com o "The Sydney Morning Herald", Scott Edmondson contou que tentou reanimar o jovem durante alguns minutos, mas sem sucesso. Edmondson foi um dos quatro policiais que atingiram o rapaz com choques elétricos.

Roberto Laudisio morreu no dia 18 de março deste ano após roubar um pacote de biscoito de uma loja de conveniência e ser perseguido pela polícia. De acordo com a investigação, o jovem havia consumido uma pequena quantidade de LSD no dia anterior e estava muito agitado.

Ainda segundo o inquérito, 11 policiais tentaram contê-lo. O estudante teria sido atingido 14 vezes por armas de choque elétrico. A investigação revelou também que os policias usaram dois tubos e meio de spray de pimenta contra o rapaz. O julgamento do caso começou na última segunda-feira (8) e deve durar duas semanas.

O advogado da família Jeremy Gormly contou ao jornal "The Australian" no primeiro dia do inquérito que Roberto era um jogador talentoso que estava estudando inglês e morando com a irmã em Sydney. "Ele era um rapaz impressionante e promissor", disse.