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EUA: Candidatos a vice se enfrentam em debate centrado na política externa americana

Do UOL, em São Paulo

12/10/2012 00h29

Os candidatos à Vice-presidência dos EUA, Joe Biden e Paul Ryan, travaram uma discussão acalorada, nesta quinta-feira (11), sobre o ataque à Embaixada americana em Benghazi (Líbia), no último dia 11 de setembro, o combate ao terrorismo e as ambições nucleares do Irã, em um debate focado especialmente na política externa dos Estados Unidos.

O debate foi realizado no auditório do Centre College às 21h02 locais (22h02 de Brasília), em Danville, no Estado americano do Kentucky. Durou cerca de 90 minutos e foi mediado pela jornalista Martha Raddatz, da rede de TV “ABC News”.

Enquanto o vice-presidente de Obama, o democrata Joe Biden, disse que possíveis “falhas” na segurança do governo em Benghazi "não se repetirão", Ryan afirmou que o ataque -- perpetrado no 10º aniversário do 11 de setembro e que matou quatro pessoas, incluindo o embaixador Christopher Stevens--  mostrou que a política externa de Obama está “desmoronando”.

"Nós vamos encontrar e levar à Justiça os homens que fizeram isso. Quaisquer erros que tenham sido cometidos, não se repetirão", rebateu Biden.

O candidato republicano Paul Ryan, 42, criticou o fato de "o presidente Obama ter levado duas semanas para admitir que (o ataque em Benghazi) se tratou de um atentado terrorista".

"Não deveríamos ter um destacamento militar para proteger nosso embaixador em Benghazi?", questionou o republicano, avaliando que os recentes ataques antiamericanos no mundo árabe demonstram que "quando damos a impressão de sermos fracos, nossos inimigos são mais inclinados a nos testar".

"Esta questão em Benghazi seria uma tragédia em si", afirmou Ryan. "Mas infelizmente, é um indício de um problema mais amplo, e o que estamos vendo é o desmoronamento da política externa de Obama, que está tornando as coisas mais caóticas e deixando-nos menos seguros", criticou Ryan.

O vice-presidente admitiu que o governo foi mal informado pelas agências de inteligência na sequência do ataque e disse que haverá uma investigação para garantir que os mesmos erros não voltem a ser cometidos.

Após o incidente, o governo Obama inicialmente tratou o caso como um protesto contra um filme anti-islâmico que saiu do controle, antes de reconhecer posteriormente que se tratou de um ataque planejado por militantes armados.

Desde o início do debate, Biden defendeu a política externa do governo Obama, alvo de críticas de Ryan --neste momento em que a corrida presidencial está mais acirrada, desde a criticada apresentação do presidente Barack Obama no debate com seu rival, Mitt Romney, no último dia 4.

"O presidente disse que iria acabar com a guerra no Iraque, o governador Romney disse que isso era um erro. Sobre o Afeganistão, (Obama) disse que a guerra terminaria em 2014, o governador Romney disse que ele não iria avançar uma data", disse Biden.

Irã

Os dois candidatos voltaram a se enfrentar sobre outro tema sensível do Oriente Médio: o programa nuclear iraniano.

Para o candidato republicano, a segurança dos Estados Unidos se debilitou nos últimos quatro anos.

"Quando Barack Obama foi eleito, (os iranianos) tinham material nuclear para fabricar uma bomba. Atualmente, eles têm quantidade para cinco", acusou Paul Ryan.

"Incrível!", reagiu Biden, ofendido. Para ele, a República Islâmica ainda está "bem longe" de conseguir a bomba atômica.

"Os israelenses e os Estados Unidos, assim como todos os serviços de inteligência militares chegaram às mesmas conclusões quanto ao fato de saber se o Irã está perto de ter uma arma nuclear. Eles ainda estão longe", disse Joe Biden. Mas "nós não vamos permitir que os iranianos tenham a arma nuclear", assegurou.

O Ocidente e Israel acusam Teerã de esconder o desenvolvimento da bomba atômica sob um suposto programa nuclear civil, o que o regime nega.

Economia

Paul Ryan também disparou contra a administração democrata na área econômica, culpando o atual governo pelo desemprego e o fraco desempenho econômico: "quando Barack Obama foi eleito, seu partido controlava tudo, tinha o poder para fazer tudo e olhem onde estamos".

O candidato à vice na chapa republicana reafirmou que Mitt Romney reduzirá o imposto de renda sobre todos os salários, e que compensará a queda na arrecadação acabando com os "nichos fiscais e as isenções para contribuintes acomodados".

Isto é "matematicamente impossível", rebateu Biden, que propõe com Obama um aumento de impostos para os mais ricos. "Não podemos nos permitir (reduzir impostos) para pessoas que ganham mais de um milhão de dólares. Eles não precisam, é a classe média que precisa".

Sobre o desemprego, Biden destacou que a taxa caiu abaixo dos 8% em setembro passado nos Estados Unidos. "Não sei quanto tempo levará, mas podemos chegar abaixo dos 6%", concluiu o vice de Barack Obama. (Com agências internacionais)