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Dilma critica tratamento europeu a Evo e pede volta do Paraguai ao Mercosul

Dilma posa para foto oficial da Cúpula dos Estados Associados do Mercosul e convidados especiais, em Montevidéu, no Uruguai - Roberto Stuckert Filho/Presidência da República
Dilma posa para foto oficial da Cúpula dos Estados Associados do Mercosul e convidados especiais, em Montevidéu, no Uruguai Imagem: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

Do UOL, em Brasília

12/07/2013 15h00Atualizada em 12/07/2013 15h51

Em discurso na cúpula do Mercosul, no Uruguai, a presidente Dilma Rousseff reiterou nesta sexta-feira (12) o repúdio à ação dos países da Europa que, a pedido dos Estados Unidos, vetaram o sobrevoo do presidente do Bolívia, Evo Morales, quando este voltava de Moscou, por suspeitas de que ele teria entre os passageiros o ex-agente americano Edward Snowden.

“Esta região não pode deixar de manifestar o mais integral repúdio ao tratamento dispensado a um de nossos presidentes por países europeus. Cada um de nós tem que defender essa posição de repúdio não só por causa do Evo Morales, mas porque uma parte de cada um de nós, presidentes dos países latino-americanos, foi ofendida e foi, de fato, atingida”, disse Dilma.

Denúncias de espionagem ferem soberania e direitos, afirma Dilma no Mercosul

Ela defendeu que essa solidariedade seja traduzida em “atos concretos e efetivos”: “não há a possibilidade de essa solidariedade não ser refletida em atos concretos e efetivos, seja junto aos governos ou junto aos embaixadores desses países”.

A presidente pediu ainda a união dos demais países do bloco em torno de uma estratégia de integração que “respalde, referende e lute por um respeito integral ao fato de que somos países soberanos”.

Ela voltou a dizer que considerava que a espionagem de cidadãos latinoamericanos pelos EUA “fere a soberania e atinge os direitos individuais e inalienáveis de nossa população”.

Quando o caso veio à tona, a presidente já havia criticado a prática do governo americano.

Segundo ela, esse é o momento de o Mercosul “demarcar um limite”, porque o governo brasileiro, assim como os demais, “não transige com a sua soberania”.

Dilma também defendeu a reincorporação do Paraguai ao bloco, suspenso após o golpe que destituiu Fernando Lugo da Presidência. Lugo perdeu o cargo em um julgamento político no Congresso paraguaio e recebeu o apoio do Mercosul.

No seu discurso, que durou cerca de 20 minutos, a petista argumentou que a decisão de suspender o vizinho do bloco era política, mas que “os povos não poderiam sofrer as consequências de atos nos quais eles não participaram”. “Acredito que tenhamos uma base real em que o Paraguai possa de fato voltar ao Mercosul”, disse.

Dilma destacou a ampliação do Mercosul, com o ingresso efetivo da Venezuela, que, “além dos ganhos econômicos, reforça a dimensão estratégica do bloco (....) em direção ao Caribe e à América Central”, o diálogo avançado com o Equador e o ingresso da Guiana e Suriname como Estados associados.

A presidente viajou ontem a Montevidéu para participar do encontro do bloco e o retorno dela para Brasília está previsto para a noite desta sexta.

Na cúpula, o Mercosul decidiu exigir explicações e um pedido público de desculpas aos países europeus que fecharam seu espaço aéreo ao avião presidencial do presidente boliviano.

Além da presidente do Brasil, participam da cúpula os presidentes dos demais países-membro: Cristina Kirchner (Argentina), José "Pepe" Mujica (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela). Também está presente o presidente da Bolívia, uma vez que ele passa a ser membro pleno do bloco.