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PM reforça segurança no Acre para a família de senador boliviano

Ana Paula Batalha

Do UOL, em Rio Branco

27/08/2013 18h22

A Polícia Militar reforçou a segurança na cidade de Epitaciolândia (AC) para proteger a família do senador boliviano Roger Pinto Molina, 53. A família do político mora em uma casa alugada na cidade que faz fronteira com o departamento de Pando, na Bolívia. A atenção especial é para evitar uma possível invasão de soldados bolivianos em solo brasileiro.

Entenda o caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto

  • Arte/UOL

    28.mai.2012 - Durante encontro com embaixador, o senador boliviano Roger Pinto, da oposição ao presidente Evo Morales, pede asilo político ao Brasil
    8.jun.2012 - O governo brasileiro concede asilo e é criticado por Evo Morales dias depois
    19.jul.2012 - Governo boliviano sobe o tom e acusa o embaixador brasileiro de fazer "pressão"
    2.mar.2013 - Um acordo bilateral decide criar uma comissão para analisar o caso de Roger Pinto
    17.mai.2013 - O advogado do senador pede que o Supremo Tribunal Federal pressione o Itamaraty
    23.ago.2013 - Por volta das 15h, saem da embaixada brasileira em La Paz Roger Pinto, o diplomata brasileiro Eduardo Saboia e dois fuzileiros navais, em dois carros diplomáticos oficiais. Eles percorrem mais de 1.500 km por terra em uma viagem de mais de 22 horas
    24.ago.2013 - Na tarde deste sábado, os carros chegam a Corumbá, no Mato Grosso do Sul e, à noite, pegam um jatinho de um empresário amigo do senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES) rumo a Brasília
    25.ago.2013 - Roger Pinto, Ferraço e Saboia chegam a Brasília

Roger Molina, condenado pela Justiça boliviana, ficou mais de um ano asilado na embaixada brasileira em La Paz. No último domingo (25), ele deixou a Bolívia com a ajuda do diplomata brasileiro Eduardo Saboia.

Segundo o capitão da Polícia Militar na cidade de Epitaciolândia, Estene Teixeira, as rondas durante a semana ganharam uma atenção maior nas proximidades onde moram a mulher, duas filhas e quatro netos do senador.

“Não acredito que possa ter atritos. Conversei com o comando da PM na Bolívia e a parceria entre os dois países permanece. Por enquanto, está tudo tranquilo, mas não acho ser um bom momento de o senador vir ao Acre”, disse Teixeira ressaltando a possibilidade de Molina querer visitar a família na fronteira.

A família está na condição de refugiada desde junho de 2012, temendo represálias do governo boliviano.

O superintendente da Polícia Federal no Acre, Marcelo Sálvio Rezende, disse que o Acre não conta com o Sistema de Proteção a Refugiados e que o procedimento por parte dos policiais federais em Epitaciolândia continua o mesmo.

“O serviço continua o mesmo com o procedimento migratório na fronteira. A polícia boliviana não pode tirar ninguém daqui [Brasil], mesmo assim os policiais federais acompanham o caso, mas sem atenção especial. Isso fica a cargo da PM”, disse o superintendente.

Entenda

O senador boliviano Roger Pinto Molina ficou um ano asilado na embaixada brasileira em La Paz. Ele é opositor do governo do presidente da Bolívia Evo Morales.

No último domingo (25) ele foi trazido ao Brasil pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia. A vinda dele não foi autorizada pelo governo boliviano e nem brasileiro, o que gerou uma crise que culminou com o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

Molina viajou 22 horas de La Paz a Corumbá (MS). Ele se utilizou de carro oficial e chegou a pegar um jatinho com o senador Ricardo Ferraço e desembarcou em Brasília.

Em junho, Molina foi condenado por abandono do dever e por dano econômico ao Estado. Segundo a denúncia, ele foi responsável por prejuízo superior a 1,6 milhão de dólares aos cofres públicos em 2000, acusado de conceder recursos de maneira irregular à Universidade Amazônica de Pando. Ele responde ainda cerca de 20 processos por desacato, venda de bens do Estado e corrupção.