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EUA mantêm suspensão de ajuda militar ao Egito

Do UOL, em São Paulo

09/10/2013 20h51

O Departamento de Estado dos EUA divulgou em nota, nesta quarta-feira (9), que, como resultado da revisão pedida em agosto de 2013 pelo presidente Barack Obama sobre o apoio dado pelo país ao Egito, ficou decidido que será mantida a cooperação com o governo egípcio interino nas questões humanitárias e que continuará suspensa a entrega de equipamentos militares.

“Nós iremos, no entanto, continuar a reter a entrega de certos sistemas militares de larga escala e a ajuda para o governo em dinheiro até que ocorra progresso na direção de um governo inclusivo, democraticamente eleito por meio de eleições livres e justas”, diz a nota. 

A ajuda anual dos EUA ao Egito gira em torno da cifra de US$ 1,5 bilhão, mas o Departamento de Estado não divulgou o que significa, em valores, a suspensão citada oficialmente hoje. Segundo oficiais do governo que falaram a agências de notícias sob condição de anonimato, a medida representa um congelamento de milhões de dólares em ajuda, mas seria temporária.

Leis norte-americanas proíbem que os Estados Unidos ajudem países em que um governo democrático tenha sido deposto por um golpe militar. Apesar de o presidente do Egito Mohammed Mursi ter sido deposto, em julho deste ano, e preso após uma sequencia de protestos da população e tomada de poder pelos militares, os EUA nunca admitiram o golpe e deram início, em agosto, à reavaliação de sua ajuda ao país árabe, considerando que a deposição de Mursi foi resultado de uma revolta popular.

Os EUA já tinham suspendido a entrega de aviões de guerra e tanques militares na esteira da saída de Mursi da presidência e da repressão violenta a seus apoiadores nas ruas do Egito e na Irmandade Muçulmana, seu braço político.

Em julho, o Pentágono anunciou que estava suspendendo a entrega de 14 caças F-16 que restavam de um acordo para a entrega de 20 aeronaves desse modelo ao Exército do Egito. O Pentágono também divulgou que a entrega de 125 tanques M1A1 e de dez helicópteros Apache estava sob revisão.

Washington estaria planejando segurar uma transferência em dinheiro ao Egito de US$ 269 milhões e uma garantia de empréstimo de US$ 300 milhões.

A BBC avalia a suspensão como algo mais “simbólico” do que um “corte doloroso na ajuda essencial”.

Violência nas ruas não acabou

O mês de outubro já teve mais de 60 mortos em novos confrontos nas ruas do Egito. Ataques contra a polícia e o Exército deixaram 11 mortos na última segunda-feira (7), um dia após 50 pessoas morrerem em violentos confrontos entre as forças de segurança e partidários de Mohammed Mursi, durante manifestação para comemorar o 40º aniversário da guerra árabe-israelense em 1973.

Na península do Sinai, também nos últimos dias, cinco pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas em um atentado com carro-bomba diante de uma delegacia, enquanto era realizada uma reunião entre dirigentes de segurança.

Esse é o maior saldo de mortes registrado desde a repressão iniciada em 14 de agosto para dispersar aliados de Mursi, que pedem sua volta ao poder.

Mursi irá a julgamento este ano

Um tribunal do Egito estabeleceu, nesta quarta-feira (9), que o presidente deposto Mohammed Mursi irá a julgamento no dia 4 de novembro, acusado de incitar o assassinato de opositores que protestaram em frente ao palácio presidencial, em dezembro de 2012.

Ao menos dez pessoas morreram quando grupos islâmicos e apoiadores de Mursi atacaram manifestantes que acampavam em frente à sede presidencial.

Segundo a agência de notícias Mena, a Corte de Apelação do Cairo determinou que Mursi e outros 14 membros da Irmandade Muçulmana -- incluindo os principais assessores do ex-presidente-- serão julgados perante um tribunal criminal.

Mursi permanece incomunicável desde julho, quando foi deposto por um golpe militar. (Com agências internacionais, BBC e USA Today)