Topo

Família de jovem que pode ter morrido no barco de náufrago quer explicações

Do UOL, em São Paulo

06/02/2014 10h34

A família do jovem que supostamente morreu no barco que acidentalmente levou o pescador salvadorenho José Salvador Alvarenga do México para as Ilhas Marshall exige explicações sobre o ocorrido.

Alvarenga chegou no arquipélago na semana passada depois de, segundo ele, ter passado 13 meses à deriva, comendo peixes e bebendo sangue de tartarugas. O náufrago contou que tinha a companhia de um jovem, ainda adolescente, chamado Ezequiel que, alguns dias após o início da epopeia acidental, morreu por se recusar a comer.

O jornal britânico “The Telegraph" entrou em contato com a família do pescador Ezequiel Cordoba, 22, que está desaparecido desde 17 de novembro de 2012. Segundo as autoridades mexicanas, o jovem teria sumido no mar junto com outro pescador, Cirilo Vargas.

A família do náufrago salvadorenho disse que Alvarenga era conhecido por muitos como Cirilo, o que leva a crer que o barco registrado pelas autoridades mexicanas trata-se, na verdade, da embarcação do pescador que chegou às Ilhas Marshall na semana passada.

A avó de Ezequiel, Dominga Mendoza, disse ao jornal britânico que “até escutar seu nome no noticiário, tinha esperanças de revê-lo”.

“Me sinto muito triste. Só peço a Deus que cuide dele”, afirmou.

Boa parte da confusão com nomes, se deve ao fato de os pescadores só se chamarem pelos apelidos. Alvarenga é conhecido como “La Chancha” e Ezequiel como “Piñata”. Além disso, na época em que o barco do salvadorenho sumiu, outras duas embarcações também se perderam no mar por causa  de uma tempestade.

No total, seis pescadores nunca mais voltaram. Um dos que conseguiu sobreviver, Jorge Cisneros, 51, contou que viu um garoto no barco de Alvarenga.

A família de Ezequiel contou que conhecia o salvadorenho de vista. O jovem começou a pescar dois meses antes de desaparecer. Romeo Cordoba, 29, irmão de Ezequiel, quer que Alvarenga volte ao México para esclarecer o que se passou em alto-mar.

“Quero encontra-lo para saber se é realmente do meu irmão que ele está falando. Se for, como ele morreu? Por que se recusou a comer peixe cru e pássaros? O que foi feito com o corpo dele. Há muita confusão nesta história e quero ouvir tudo de 'La Chancha'”, afirmou Romeo, que também é pescador.

Segundo Romeo, a família não está com raiva de Alvarenga, mas quer que a história seja, de uma vez por todas, esclarecida.

“É um milagre que 'La Chancha' esteja vivo. Entendemos que houve um acidente e que o mar pode ser um lugar muito perigoso. Mas precisamos da confirmação da morte do meu irmão antes de aceitar sua partida. Falamos dele o tempo todo e, sem um corpo para enterrar, fica tudo muito mais difícil para a família”, disse.