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Paquistanês diz que matou 1ª mulher para casar com grávida morta a pedradas

Mohammad Iqbal, à direita, acompanha o corpo de sua mulher em uma ambulância - AP/K.M. Chaudary
Mohammad Iqbal, à direita, acompanha o corpo de sua mulher em uma ambulância Imagem: AP/K.M. Chaudary

Do UOL, em São Paulo

29/05/2014 16h22

O marido de Farzana Iqbal, 25, grávida que foi morta em um apedrejamento pela própria família, disse ter matado a primeira mulher para poder se casar com Farzana. A declaração foi dada à CNN. O crime aconteceu em Lahore, no Paquistão.

Segundo autoridades, Mohammad Iqbal, 45, matou a primeira mulher há seis anos. "Estava apaixonado por Farzana e matei minha primeira mulher por causa desse amor."

Na época, ele foi preso durante um ano e liberado após pagar fiança. Como o filho do casal perdoou o pai, não houve julgamento segundo as leis do país. 

Já Farzana estava grávida de três meses quando foi espancada até a morte com tijolos por familiares que reprovavam sua decisão de se casar com um homem escolhido por ela. Ela foi atacada em frente ao tribunal por cerca de 30 pessoas, incluindo seu pai e seu irmão.

Farzana havia comparecido ao tribunal para defender seu marido contra as alegações, feitas por sua família, de que ele a havia sequestrado e obrigado a se casar com ele.

O viúvo Iqbal disse à agência de notícias France Presse que vai recorrer as autoridades em busca de justiça. Iqbal afirmou ainda que ele e sua esposa eram ameaçados desde que se casaram.

Enquanto isso, o primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, pediu uma "ação imediata" para levar à Justiça os autores do "brutal assassinato"

Crimes de honra

Os chamados "crimes de honra" são muito frequentes no sul da Ásia e costumam envolver os filhos de uma família que considere que alguma ação praticada por eles seja uma afronta à conservadora moral familiar das sociedades locais.

No Paquistão, entre duas e três mulheres morrem por dia "por honra", casos que passam despercebidos por conta do conservadorismo da sociedade.

Segundo a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, no ano passado 869 mulheres morreram, embora a entidade alerte que o número possa ser maior, já que muitas pessoas não denunciam os crimes.

"Esses crimes continuam pela impunidade da qual os assassinos desfrutam", afirma um recente relatório da comissão, que denunciou que o costume de permitir a absolvição do criminoso, se ele for perdoado pela família da vítima, favorece as agressões.

No mundo, segundo a ONU, cerca de 5.000 mulheres são mortas anualmente em “crimes de honra”. (Com agências internacionais)