Topo

Relato: pai recebe da Coreia do Norte filho em coma sentindo "alívio e raiva"

Fred Warmbier, pai de Otto Warmbier, estudante americano que ficou em coma após ter sido preso na Coreia do Norte Imagem: AP Photo/John Minchillo

Do UOL, em São Paulo

15/06/2017 13h08

O americano Fred Warmbier, pai do estudante Otto Warmbier, se disse "aliviado e com raiva" após ter recebido o filho na última terça-feira (13), em Cincinnati (Ohio). Preso na Coreia do Norte em janeiro de 2016, Otto está em coma há aproximadamente 15 meses e só foi libertado nesta semana, sem que seus pais tivessem recebido qualquer notícia sobre o estudante nesse período.

Warmbier falou nesta quinta (15) sobre como a família recebeu o filho e batalhou por sua libertação. Ele havia sido preso no aeroporto de Pyongyang, quando deixaria o país, sob a acusação de tentar roubar um cartaz de propaganda do regime norte-coreano. Otto, de 22 anos, havia sido sentenciado a 15 anos de trabalho forçado pela acusação de cometer "atos hostis" contra o regime.

Segundo o Hospital da Universidade de Cincinnati, onde ele está internado, o estudante tem um "dano neurológico grave" e está em situação estável. Desde que desembarcou nos EUA, Otto tem sido acompanhado pelos pais.

13.jun.2017 - Em coma, Otto Warmbier é retirado de avião ao desembarcar em Cincinnati Imagem: Sam Greene/The Cincinnati Enquirer via AP

"Estou aliviado que Otto está em casa, nos braços daqueles que o amam, e com raiva porque ele foi tratado brutalmente por muito tempo", disse Fred Warmbier. "Estamos tentando deixá-lo confortável."

Ele também agradeceu Donald Trump, dizendo que o presidente americano foi gentil em sua ligação pessoal à família após a chegada de Otto aos EUA.

'Disseram que o tour era seguro'

Fred Warmbier disse que o filho de 22 anos jogava futebol e se formou em 2013 na escola onde foi realizada a entrevista para os jornalistas nesta quinta. Vestido com o mesmo paletó que seu filho usou quando foi julgado na Coreia do Norte, Warmbier se emocionou ao homenageá-lo.

"Estamos orgulhosos por sermos uma família feliz e positiva. E vamos continuar assim. Estamos felizes que nosso filho está em solo americano e posso falar a vocês em nome dele. Otto, te amo e sou louco por você, você é um cara incrível", declarou o pai. "Estou orgulhoso dele e da coragem que ele mostrou nas condições brutais da Coreia do Norte. O fato de ter sido tratado assim é horrível e difícil de processar."

29.fev.2016 - Otto Warmbier pouco depois de sua prisão na Coreia da Norte Imagem: Kim Kwang Hyon/AP

Segundo ele, o filho ouviu de amigos que haviam visitado o país por meio de uma agência de viagens que leva turistas à Coreia do Norte que não havia risco. "Ele queria ir. Nas propagandas, sempre dizem que o tour é seguro, que não vai acontecer nada com os americanos que vão para lá. Mas a verdade é que Otto foi levado como refém."

Silêncio por 15 meses

"Não ouvimos falar sobre Otto desde março de 2016", disse Warmbier, sobre a falta de informações fornecidas pelo regime norte-coreano. "Não havia nenhuma comunicação."

Ele relatou ter se encontrado com diversos políticos e membros do governo americano --como John Kerry, secretário de Estado do segundo governo de Barack Obama--, sob "a falsa premissa de que a Coreia do Norte trataria Otto de forma justa". "Na verdade, ele foi tratado como um prisioneiro de guerra."

De acordo com o pai, a família recebeu conselhos de que mantivesse a luta para trazer o filho de volta longe dos holofotes, para evitar atitudes que o regime norte-coreano entendesse como provocação. Mas, ao perceber a falta de resultados, a família resolveu começar a dar entrevistas, em maio do ano passado. Pouco tempo depois, ocorreu a libertação.

Questionado se sentia que o governo Obama não havia feito o suficiente para conseguir a libertação de Otto, Warmbier respondeu, mostrando resignação: "acho que os resultados falam por si".

Ele também disse não acreditar em nada que é divulgado pelo governo da Coreia do Norte com relação à prisão de seu filho. Eles são brutais e terroristas. Vemos o resultado de suas ações", declarou.

Ao rebater a acusação de que o filho agia a mando de uma igreja protestante de Ohio, conforme acusado pela Coreia do Norte, o pai disse que o estudante nunca fez parte da igreja em questão.

Telefonema de Trump

Warmbier também contou como foi a conversa com Donald Trump, por telefone, após a chegada do filho. "Ele foi gentil. Perguntou como estávamos indo, a situação do Otto, contou um pouco do duro trabalho de negociação que ele e o [secretário de Estado] Rex Tillerson tiveram [para conseguir a libertação]."

"Eu estava evitando conversar com ele [Trump], porque para mim isso dizia respeito apenas a meu filho. Acabei aceitando e ele foi amável, o agradeço por isso."

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Relato: pai recebe da Coreia do Norte filho em coma sentindo "alívio e raiva" - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Internacional