Jamil Chade

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Gaza precisará de 14 anos para limpar bombas não detonadas, estima ONU

Fazer da Faixa de Gaza uma região segura, livre de artefatos e bombas que não explodiram, poderá levar 14 anos e demandar uma verdadeira fortuna em recursos. O alerta é da ONU que, nesta semana, apresentou a primeira avaliação detalhada do impacto de minas terrestres e munições em mais de seis meses de conflito em Gaza.

Pehr Lodhammar, responsável pelo Serviço de Ação contra Minas das Nações Unidas (UNMAS), afirmou que a ofensiva de Israel contra o Hamas deixou um número estimado de 37 milhões de toneladas de destroços.

O especialista apontou que é impossível determinar a quantidade exata de material bélico não detonado no enclave, onde os bairros densamente povoados foram reduzidos a escombros, após meses de intenso bombardeio israelense.

A avaliação da entidade é que cada metro quadrado de Gaza afetado pelo conflito contém cerca de 200 quilos de entulho. Para o veterano especialista em desminagem da ONU, pelo menos 10% da munição que está sendo disparada não explode.

Segundo o levantamento da ONU, 3,2 milhões de toneladas de escombros são atribuídos a estradas danificadas. A análise revela um aumento de 63% na quantidade de escombros presentes em Gaza em 29 de fevereiro, em comparação com apenas sete semanas antes, em 7 de janeiro.

As áreas do norte sofreram a maior escala de danos e destruição, com quase nove milhões de toneladas. Depois vem Khan Younis, com quase oito milhões, seguida por Deir al Balah (mais de 2 milhões de toneladas) e Rafah (509 mil toneladas).

Cidade-fantasma e crianças que perambulam sozinhas

A ONU também constatou a transformação de algumas das maiores cidades em zonas abandonadas.

Khan Younis, a segunda maior cidade de Gaza, que antes do conflito abrigava mais de 200 mil pessoas, é agora uma "cidade-fantasma", informou a ONG Save the Children International em 25 de abril, após uma missão de avaliação na área.

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De forma semelhante às cenas de devastação total na cidade de Gaza descritas recentemente pela ONU, a Save the Children enfatizou que todos os edifícios que observou estavam "severamente danificados ou em escombros no chão", com algumas pessoas retornando para proteger o que restou de suas propriedades e pertences.

De acordo com uma avaliação provisória do Banco Mundial, mais de 60% dos edifícios residenciais e quase 80% das instalações comerciais foram danificados ou destruídos em Gaza entre outubro de 2023 e janeiro de 2024, com 80% do total de danos concentrados nas províncias de Gaza, Gaza Norte e Khan Younis.

Além disso, a Save the Children observou que muitas crianças estavam caminhando sozinhas em ruas destruídas e em proximidade perigosa com prédios destruídos ou semidestruídos, sendo que muitas carregavam contêineres pesados, provavelmente de água.

Já em fevereiro, a Unicef estimou que pelo menos 17 mil crianças estavam desacompanhadas ou separadas de seus pais em toda a Faixa de Gaza.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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