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Trump usa estilo da "luta livre" para atacar adversários

Donald Trump levanta o braço do lutador de luta livre, Bobby Lashley, durante evento do WWE em 2007 - Carlos Osorio/AP
Donald Trump levanta o braço do lutador de luta livre, Bobby Lashley, durante evento do WWE em 2007 Imagem: Carlos Osorio/AP

Do UOL, em São Paulo

03/07/2017 14h45

Conhecido pelas falas bombásticas, por criar frases de efeito e atacar os rivais, Donald Trump agora está ficando conhecido por ser um jogador, mais especificamente um lutador de luta livre.

Os mais recentes ataques do presidente dos EUA à rede de televisão americana CNN e apresentadores de TV estão sendo vistos pelos apaixonados por luta livre como ações que têm grande semelhança com as lutas que acontecem dentro dos ringues. Trump usa as táticas utilizadas nas arenas para criar a figura de um anti-herói que ganha a qualquer custo e que incita a raiva de todos seguindo somente as próprias regras.

No último domingo (2), Trump publicou em seu Twitter um vídeo que o mostra derrubando e socando um homem no chão, que tinha o rosto coberto com o logo da emissora americana CNN, durante um espetáculo de luta livre. 

O vídeo parece ser uma edição de uma filmagem em que ele aparece em um evento do WWE (World Wrestling Entertainment), uma empresa de entretenimento que organiza lutas livres roteirizadas que fazem muito sucesso nos EUA, de uma década atrás e que foi postada no Reddit. O homem que tem o rosto coberto com o logo da CNN é o diretor-executivo do WWE, Vince McMahon, e sua mulher hoje trabalha em uma das empresas de Trump.

Trump tem uma longa associação com os eventos populares de Vince McMahon e o WWE. Ele até chegou a ser uma das celebridades que apareciam no hall da fama dos eventos em 2013 e o vídeo publicado em seu Twitter mostra para os fãs de luta livre que a sua personalidade tem grande relação com esse universo.

O ex-roteirista do WWE, Dan Madigan, afirma que no vocabulário do mundo da luta livre, Trump está jogando até ter "o maior alcance possível". E o chegou a comparar com "The Undertaker", o mais antigo lutador a ter um contrato com a empresa WWE, que é conhecido por ter assumido diferentes personalidades ao longo da carreira e por ser um abominável lutador e anti-herói do mundo da luta livre.

"Seu comportamento, sua longa caminhada para o pódio, seu jogo para a multidão... Puro Undertaker", afirmou Madigan.

3.jul.2017 - O lutador The Undertaker - phenomforever.com - phenomforever.com
O lutador The Undertaker
Imagem: phenomforever.com

O comportamento de lutador foi notado até no andar de Trump no palco atrás de Hillary Clinton durante o segundo debate presidencial em Saint Louis, no ano passado. Fãs de luta livre dizem que é assim que os lutadores perseguem os seus oponentes durante as provocações antes das lutas.

Os tuítes de Trump e o seu comportamento em público nos últimos meses chamaram a atenção também de outros fãs de luta livre, que perceberam que conscientemente ou não, ele estava incorporando a luta livre profissional em sua política.

O produtor Domenic Cotter, que trabalhava nos bastidores do WWE, também comparou Trump com um lutador.

"Quase na categoria de 'Stone Cold' Steve Austin, que era uma figura contra o sistema, contra as autoridades e contra o stablishment", afirmou Cotter.

'Stone Cold' Steve austin - Reprodução - Reprodução
'Stone Cold' Steve Austin provoca Donald Trump durante uma apresentação na época que o atual presidente era apresentador de "O Aprendiz"
Imagem: Reprodução

Quando Trump mandou o repórter da CNN, Jim Acosta, ficar calado e dizer "Vocês são notícias falsas". Cotter chegou a dizer que Trump "se promoveu ao ferir o repórter da CNN e passou por cima de si mesmo", algo que acontece no universo da luta livre.

 

Comportamento de lutador somente para alguns

O comportamento agressivo de Trump não é visto da mesma maneira por jornalistas e membros da imprensa americana.

Durante um programa de televisão da emissora CNN no último domingo, Carl Bernstein, um conhecido jornalista investigativo dos EUA, chamou o tuíte de Trump como um "um indicador de seu estado de espírito."

"Esse não é um ato somente contra a CNN. É contra a liberdade de imprensa", afirmou Carl Bernstein.

O âncora do programa "CBS Evening News", Dan Rather, também opinou sobre o tuíte de Trump e disse que não está somente indignado, "mas que também sente medo e tristeza".

Em sua publicação no Facebook, ele afirma também que é "triste que este espetáculo é agora uma norma dos EUA".

Ainda assim, existem pessoas que defendem o comportamento de Trump. Para o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Tom Bossert, a publicação do presidente dos EUA no Twitter foi um ato dele se defender contra as televisões a cabo que "o agridem injustamente".

O que se sabe até agora é que os tuítes de Trump rendem assuntos e opiniões divergentes por todo o mundo. Esse foi apenas o mais recente episódio. 

*Com informações da AP e Politico