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Em primeiro encontro público, Putin e Trump trocam afagos: "é uma honra"

Evan Vucci/AP
Imagem: Evan Vucci/AP

Do UOL, em São Paulo

07/07/2017 11h30Atualizada em 07/07/2017 15h15

Donald Trump e Vladimir Putin tiveram nessa sexta-feira (7), na reunião anual do G20, em Hamburgo (Alemanha), seu primeiro encontro público desde que o empresário se tornou presidente dos Estados Unidos. Diante da imprensa, em um curto pronunciamento antes de iniciarem as conversas, os dois trocaram elogios e se disseram comprometidos a resolver as questões que afetam os dois países.

"Estamos discutindo várias questões. As conversas estão indo muito bem e irão continuar. Queremos fazer coisas positivas para a Rússia, Estados Unidos e todos os envolvidos. É uma honra estar aqui com você", disse Trump a Putin.

O presidente russo, por sua vez, lembrou que ambos conversaram por telefone algumas vezes, mas "o telefone nunca é suficiente". "As conversas bilaterais são importantes para termos boas relações. É um prazer [conhecer Trump]. Espero que, como você disse, nosso encontro traga resultados positivos", afirmou Putin.

Um jornalista perguntou a Trump sobre a acusação da interferência russa nas eleições dos EUA, mas o presidente americano, com as mãos cruzadas, não respondeu a questão.

Em seguida, os jornalistas saíram para que ambos continuassem a reunião, que durou duas horas e 16 minutos --apenas 35 minutos estavam programados para a conversa, segundo a Casa Branca. Não houve pronunciamento dos líderes após o encontro.

As declarações aos meios de comunicação foram feitas dentro da sala onde aconteceu o encontro bilateral, que contou com a presença apenas de dois tradutores, o ministro russo de Relações Exteriores, Sergey Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson.

Os dois líderes já tinham se cumprimentado brevemente, com um aperto de mãos e uma troca de saudações, pouco antes do início da primeira sessão de trabalho com todos os chefes de Estado e governo do G20.

Diante do olhar do premiê japonês, Shinzo Abe, e do presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, ambos presidentes se cumprimentaram e, posteriormente, Trump deu uma palmada amistosa nas costas de Putin.

Tensão nos bastidores

Apesar dos elogios em público, o encontro entre os líderes é marcado pela tensão que envolve os dois países, principalmente devido às alegações de agências de inteligência dos EUA de que a Rússia interferiu na eleição norte-americana, inclusive a favor de Trump contra Hillary Clinton. Membros da campanha de Trump são acusados de terem participado de um conluio com agentes russos.

Donald Trump sempre negou as acusações de conluio com os russos, mas admitiu na quinta-feira, em Varsóvia, que o Kremlin, assim como outros países, pode ter atuado para interferir nas eleições americanas. Putin nega as acusações.

Washington e Moscou também divergem em conflitos globais como as tensões envolvendo Síria (a Rússia apoia o regime de Bashar al-Assad, condenado pelos EUA), Ucrânia (o governo americano repudia a anexação da Crimeia) e a Coreia do Norte (os EUA querem novas sanções ao regime de Kim Jong-un, enquanto a Rússia pede um plano conjunto de pacificação da península coreana).

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, Putin e Trump devem realizar conversas detalhadas nos bastidores da cúpula. Quando perguntado se Putin está ansioso para as conversas e se ele tem muitas perguntas para Trump, Peskov disse que sim. O líder russo foi totalmente informado sobre a descrição feita por Trump na quinta-feira do comportamento de Moscou como desestabilizador, acrescentou Peskov, e levará esse e outros comentários de autoridades norte-americanas em consideração.