Trem, ônibus e caminhada: imprensa encara maratona para chegar a centro da Coreia do Norte
Jornalistas do mundo todo iniciaram uma verdadeira maratona de pelo menos 13 horas nesta quarta-feira (23) para chegar a Punggye-ri para o evento que o governo da Coreia do Norte anuncia como o fechamento de sua única estrutura de testes nucleares.
Repórteres que estão na cobertura se preparam para uma viagem entre 8 e 12 horas de trem, quatro horas de ônibus e uma caminhada de cerca de uma hora em uma montanha para chegar ao local, que fica no nordeste do país a cerca de 630 km da capital Pyongyang.
Os jornalistas partiram da cidade costeira de Wonsan, a cerca de 460 km de Punggye-ri, de trem. De acordo com a equipe da Associated Press, eles foram colocados em vagões com cabines que têm quatro camas. As cabines têm as janelas cobertas e os jornalistas receberam ordens de não abrir as cortinas. Os custos da viagem são pagos pela própria imprensa e incluem US$ 75 por cada passagem de trem - as refeições custam US$ 20.
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Os cerca de 30 repórteres vêm de cinco países diferentes: Estados Unidos, China, Rússia, Coreia do Sul e Reino Unido. Pyongyang havia anteriormente vetado a presença dos jornalistas sul-coreanos, mas autorizou a viagem de última hora.
Pyongyang convidou a mídia internacional para observar a destruição com explosivos da instalação de Punggye-ri, mas não especialistas, como prometido inicialmente, criando dúvidas sobre o quão verificável o plano é e se será seguro.
Jornalistas relataram que foram obrigados a deixar seus detectores de radiação, seus telefones via satélite e seus mouses Bluetooth antes de partirem rumo à instalação de testes, dificultando o trabalho de apuração dos repórteres.
Especialistas já alertavam desde o anúncio do fechamento do local que a Coreia do Norte controlaria o ambiente para permitir apenas a divulgação de imagens favoráveis ao regime.
Destruição pode interessar ao regime
O fechamento de Punggye-ri, na região montanhosa do país, foi anunciado por Kim como um ato de abertura do regime às demandas de Estados Unidos e da comunidade internacional, dias antes da cúpula prevista entre o líder norte-coreano e Donald Trump em 12 de junho, em Singapura - e que agora, segundo o presidente dos EUA, pode ser adiada.
A Coreia do Norte realizou seis testes nucleares subterrâneos desde 2006, todos em Punggye-ri. Sua mais recente e mais poderosa explosão, que o Norte alega ter sido de uma bomba de hidrogênio, foi em setembro do ano passado.
O desmantelamento marca o fim para o último local ativo do mundo para testes subterrâneos e oferece algumas ideias importantes sobre o tom de Kim no momento em que ele prepara o palco para sua reunião com Trump.
Entretanto, alguns analistas acreditam que destruindo os túneis da base, o governo norte-coreano destrói também as provas de experiências anteriores realizadas no local, sem que os inspetores internacionais possam, por exemplo, obter amostras necessárias.(Com agências internacionais)
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